Várias são as alusões do futebol à vida. Mas poucas têm como elo a
falta. Seus significados são distintos, para uma e para outro. Mas se
completam. A falta está em tudo. Não há vida, nem jogo, sem ela. Falta
de trabalho. Falta frontal. Falta de férias. Falta desleal. Falta feia.
Falta de assunto. Falta boba. Falta de coragem. Falta por trás. Falta de
amor. Falta precipitada. Falta de tempo. Falta intencional. Falta de
experiência. Falta involuntária. Falta de jeito. Afinal, ninguém é
perfeito. É claro que, no futebol, quanto menos falta, mais o jogo flui.
Mas ele não existiria sem ela. Já uma vida sem falta não teria graça.
Somos privados da plenitude total. A partida e a vida devem seguir mesmo
com as faltas. E por causa delas. No futebol, se fazendo a cobrança. Na
vida, se preenchendo um vazio. Que 2014 seja uma ano apenas com as faltas necessárias. E que não faltem alegria, saúde e bom futebol. Sem decisões no tapetão, porque, em ano de Copa, só faltava essa.
sexta-feira, 27 de dezembro de 2013
quarta-feira, 25 de dezembro de 2013
Paixão
A neutralidade não existe. O homem é apaixonado desde que
nasceu. O único problema é que às vezes ele se apaixona por algo que não
contribui: o próprio ego, as próprias opiniões, as armadilhas do poder, o
dinheiro a qualquer custo e até o time de futebol, em alguns casos. São paixões
que cegam, escondem outras paixões que poderiam clarear, mesmo que doam. Não há
saída. Até o ateu é um radical convicto, embebido de paixões por sua própria
religião sem Deus. Melhor então é se apaixonar por algo bom, superando a relatividade
do termo. Também o mais ponderado dos homens é um apaixonado em turbilhão. Ele vive para controlar suas paixões mais incendiárias. As coloca na hora certa. Se cala
quando é preciso. Busca falar o que é necessário. Estuda, aprende, procura
ouvir o outro. Sua aparente frieza esconde algo intenso dentro dele, que mantém
aquecido seu espírito indômito, sempre em busca de uma solução justa. Até
quando erra, seu esforço é hercúleo para não se culpar. Mesmo assim, nem sempre
ele consegue. E se lamenta, como um abandonado pela amante. Em seu íntimo,
enfim, também se agita um frenesi pelo abstrato. Nele mora a obsessão de unir o
visível ao invisível. Ele se move pelo desejo incansável de dar contornos ao
subjetivo, tornando-o um corpo consistente e objetivo. Este homem ponderado não
deixa de ser um obsessivo, com seu coração pulsante. Um torcedor de
arquibancada que vibra pela vitória do time da verdade. Mas não perde a calma quando vencem paixões como a corrupção e a violência. Mesmo
sendo doloroso, ele não abre mão dela. Só não é um black bloc em sua defesa
porque a estaria anulando. Muitas vezes ele paga o preço pelo anonimato, por
não atrair os holofotes, como sua vaidade - outra de suas paixões - gostaria. Ele
apenas a observa, com devoção, desfilar com seu traje elegante, como uma linda professora
de primário cheia de livros ao seu redor. Ela aponta caminhos, alimenta
esperanças. Sorri de maneira assertiva e acolhedora. Então ele agradece por ter se submetido a ela, sua musa, sua diva, a
Cleópatra de suas paixões. Por quem daria a própria vida e que se chama
sabedoria.
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
Subjetivas
Ou isto ou aquilo? Ser ou não ser? Para cima ou pra baixo?
Ir ou não ir? Sorrir ou chorar? Fazer ou não fazer? Teoria ou prática? Há algo
positivo na pobreza? E na riqueza? O ócio criativo é trabalho? Não sei nenhuma destas
respostas, tanto quanto outras tantas. Só sei de uma coisa e esta posso afirmar:
o excesso de subjetividade é mortífero.
sábado, 14 de dezembro de 2013
Faltas
Várias são as alusões do futebol à vida. Mas poucas têm como elo a falta. Seus significados são distintos, para uma e para outro. Mas se completam. A falta está em tudo. Não há vida, nem jogo, sem ela. Falta de trabalho. Falta frontal. Falta de férias. Falta desleal. Falta feia. Falta de assunto. Falta boba. Falta de coragem. Falta por trás. Falta de amor. Falta precipitada. Falta de tempo. Falta intencional. Falta de experiência. Falta involuntária. Falta de jeito. Afinal, ninguém é perfeito. É claro que, no futebol, quanto menos falta, mais o jogo flui. Mas ele não existiria sem ela. Já uma vida sem falta não teria graça. Somos privados da plenitude total. A partida e a vida devem seguir mesmo com as faltas. E por causa delas. No futebol, se fazendo a cobrança. Na vida, se preenchendo um vazio.
quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
Homenagem
"Há duas horas, mais ou menos, meu mundo se
entristeceu uma vez mais ... Meu adorado irmão Abrahão, que morava em
Israel, nos deixou aos 81 anos (aliás, exemplares!)... Mas a lembrança
do ser maravilhoso que era e sua alegria contagiante ficarão eternamente em nossos corações.
Avrumale, que D'us ilumine tua nova jornada e esteja contigo. Saudades... de todo o coração, da irmãzinha caçula que ele apelidou de Caturrita e a quem ele tanto "paparicava" ... e de todos..." - Estela Gontow Goussinsky, sobre seu irmão, o tio Abrahão, em 19 de novembro de 2013.
Avrumale, que D'us ilumine tua nova jornada e esteja contigo. Saudades... de todo o coração, da irmãzinha caçula que ele apelidou de Caturrita e a quem ele tanto "paparicava" ... e de todos..." - Estela Gontow Goussinsky, sobre seu irmão, o tio Abrahão, em 19 de novembro de 2013.
Detenção
"Neste mundo, companheiros, o pecado que paga pode viajar livremente e sem passaporte, ao passo que a virtude, se é pobre, será detida em todas as fronteiras."
Padre Mapple, em Moby Dick, de Herman Melville.
Padre Mapple, em Moby Dick, de Herman Melville.
quarta-feira, 11 de dezembro de 2013
Pacificação
Não existe paz total sem o amor. A paz sem amor gera apenas a integridade física, que precisa ser complementada com a integridade emocional.
Incômodos
Um filho só coloca o pai em um asilo porque, quando criança, o pai não o colocou em um orfanato.
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
Tavares
Joguem pedra no Tavares, de Tapas e Beijos. Ele é o inadequado, indesejado, insignificante. Seus desejos são de rato. Ele é alvejado como um inseto, que se permite ser. Só o Tavares é canalha. Só ele é fraco. Só ele esconde sorrateiramente suas segundas intenções. Assim, os protagonistas, cheios de pecados, descarregam suas frustrações no cara. E fingem se esquecer do instinto manipulador e egoísta que os assola. Tavares, Tavares, cada vez que és jogado pela janela e te espatifas no chão, tu mostras em forma de seriado, que, na verdade, o bullying não é algo restrito aos estudantes do nosso Brasil. Todos têm direito a tapas e beijos. Os Tavares da vida, porém, ficam só com os tapas.
Irmãos
A violência no futebol se intensificou nos anos 90. Na mesma época, o UFC despontou. Ambos se misturam, são causa e consequência de uma sociedade com problemas.
Trocação
Membros da torcida vascaína comemoraram porque foram bem na "trocação". O termo está muito em voga no UFC. Boa parte da mídia também tem responsabilidade pelas brigas nas arquibancadas. É ela que, muitas vezes, alimenta rivalidades "saudáveis". Sem perceber que não existe violência "politicamente correta".
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