terça-feira, 30 de julho de 2013

Barceloneiros

Tenho falado de esquadrões ultimamente. É uma forma de unir o passado ao presente, ser saudosista mas ao mesmo tempo reconhecer que o que vivemos agora também tem suas belezas. Tudo isso só para dizer que, vendo o Neymar chegar ao Barcelona, passei a torcer para que ele ganhe um lugar neste time de brasileiros: Jaguaré; Daniel Alves, Henrique, Marinho Peres e Maxwell; Fausto, Giovanni, Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo; Romário e Ronaldo. Ressaltando que Evaristo de Macedo também foi ídolo na Catalunha.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Lenda

Sempre achei Djalma Santos um nome pomposo. De alguém antigo. De família quatocentona. Que já não estivesse mais entre nós. Surpreendi-me, quando criança, com a resposta de meu pai, após eu ter lhe perguntado há quanto tempo Djalma Santos havia morrido. “Morreu nada, tá bem vivo, mora, se não me engano, no Interior”. Além da surpresa, algo em mim se tranquilizou. Era uma espécie de calmante contra a mortalidade saber que Djalma Santos ainda estava entre nós. Via, nesse exercício imaginativo, porque ele nem era tão velho assim, um toque de longevidade. Vibrei com aquele sinal de que a vida tem continuidade, de que o passado não se extinguiu todo no pó do esquecimento. Fiquei satisfeito pelo fato de aquele nobre nome, tão distante para mim, não ser apenas saudade. Quando o assistia em entrevistas, desde então, sua simplicidade, que diferia da imagem de quatrocentão, e seu sorriso espontâneo, de um ex-sapateiro humilde e simpático, eram uma espécie de bálsamo para mim. Pensava que, nesta ciranda de mudanças rápidas que o mundo propicia, algo do passado permanecia intacto com sua presença, como uma relíquia a manter uma mensagem atuante e atual. Djalma Santos era o pretérito perfeito. Era a prova física, com olhar rejuvenescido, daquilo que se foi com o tempo. Era uma espécie de cronologia do futebol, esbanjando vigor em seu alcance quase infinito. Ele simbolizava, enfim, o topo de uma árvore genealógica que havia fincado raízes, dado frutos, mas que se mantinha firme e forte, nas alturas da glória.Vou ter de repensar algo com sua partida. A derradeira. Nem para morrer ele foi expulso. Saiu de cena lentamente, tranquilamente, como foram sua ascensão e sua carreira. Foi embora discretamente, sem tanto destaque, como ele mereceria. Mas bem como ele gostaria. Repensar para mim, é trazer aquela existência concreta para algo real e abstrato, como um retrato de Monalisa, moça que por obra da Arte, se mantém tão viva quanto misteriosa. Não sei como, mas vou ter de fazer algo assim com Djalma. Só que por meio do futebol, em todos os momentos que a bola, outra a ter de rever conceitos, simplesmente rolar. A primeira coisa que gostaria de fazer é, para mim, tirar um dos “s” daquele nome pomposo, agora mortal. E colocar um número 1. Djalma Santo 1. Daqueles idos tão longínquos, só permaneceu Nílton Santo 2. O papa está por aqui e bem que poderia aproveitar e canonizar os dois para o mundo do Esporte. Porque, no futebol, tanto Nílton quando o saudoso Djalma, são, além de lendas, os maiores Santos.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Hermanos

Em homenagem ao papa Francisco, minha seleção argentina de todos os tempos. Fillol; Zanetti, Ruggeri, Passarella e Marzolini; Nestor Rossi, Pedernera, Di Stéfano e Maradona; Batistuta e Messi. Técnico: Carlos Bilardo.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Morumbi

Nota-se que há algo estranho no reino são-paulino quando Aloísio parece se achar superior e não passa a bola para Ganso. O clube, como na história de Hamlet, se esqueceu do futebol para entrar em um jogo de vaidade e poder.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Partes

Não acredite que o egoísmo de um rabino anula os ensinamentos da Torá. Não ache que o fanatismo e o terror maculam a sabedoria de Alá. Não pense que os desvios de um padre estragam a Igreja e sua mensagem. Não permita que um humano selvagem destrua a beleza da paisagem. Não veja a vida assim a ferro e fogo. Não confunda uma parte com o todo.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Colheita

Colho, na noite estrelada, alguns raios de luar. Levo-os ao meu peito e, quando te beijo, os vejo surgir na luz do teu olhar.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Reunião

Diretor da empresa. Estatura média, rosto comprido. Jeito pacato. Sua postura serena me envenena. Olhos pequenos, olhar incógnito, joga uma frase no ar. Ela entra em minha mente, começa a dançar. Pula de um lado ao outro. Verdade, mentira, mentira, verdade? As palavras são pendulares. Mudam de acordo com o sentimento. Acordam de outro jeito, depende do momento. Oscilam como o vento. Se perdem, se esquecem, se diluem no tempo. Atrás de sua mesa, ele me disse que ligaria (depois nunca mais ligou). O que por trás daquele rosto liso haveria? Boa intenção? Talvez alguma irritação. Escondida. Perdida. Sua postura discreta, quieta, quase fria, faz seu sorriso diáfano. Monalístico. Se é que o termo existe. Incógnita que resiste. Ele finge ou será uma esfinge? Um instante, um segundo. Silêncio profundo. Lá embaixo do prédio o grito de um vagabundo. O som entra no escritório, vem ao meu mundo. Serei eu o vagabundo? Ele ergue os olhos, ameaça contar meu segredo. Me mexo na cadeira, com certo medo. Como descobriu se eu não dei nenhum pio? Quase apelo. Sou ingênuo mas não revelo. Quer saber? O vagabundo é você. Diga o que pensa. Tente. Não invente. Então entra a linda secretária. Chama a atenção, como se cantasse uma ária. Faz enfim ele falar novamente. Mas será que ele mente?

Escriba

Sonhei que estava escrevendo um romance que vinha de dentro de mim. Acordei diante do computador.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Forasteiros

Falavam português com sotaque. A maioria espanhol. Mas amaram o Brasil mais do que muitos brasileiros. Não eram imigrantes comuns, daqueles que aportavam em navios sem nada nas mãos. Nem por isso deixaram de desbravar um mundo desconhecido. Tiveram méritos dobrados. Embarcaram em uma aventura, movida a pasión, llamada futebol. Ou fútbol. Descobriram mais de sua arte atuando nos campos enlameados ou aveludados do Brasil. Conheceram o lado bom e o ruim de nosso território, refletindo tantas vivências em suas próprias personalidades. Um pouco de chimarrão à noite na concentração. A lembrança do Candombe no quarto do hotel. La próxima pelea. La vida. Hoy, estão viejos, em sua maioria. Olham para o espelho com cabelos ralos, barba embranquecida, pele flácida. Um pigarro, um cigarro ou uma taça de vinho. Uma dose de uísque embala a recordação. De quem eram e de como se tornaram quem são. Orgullo. Fizeram desta terra seu segundo lar. Foram humildes para ter a ousadia de ensinar futebol por aqui. E corajosos para aprender o que a muitos assustaria: o drible, o toque, a ginga com tempero de samba. E bailavam en la cancha. A memória já vai se dissipando. Como uma nuvem escura. A voz já se tornou mais cansada. Já não são tão ouvidos como nas entrevistas. Esqueceram-se de algumas expressões. Alguns se sentem esquecidos. Mas o som da multidão cantando seus nomes ainda alimenta aquela sensação gostosa de reconhecimento. Um dia, muito a contragosto, tiveram que dizer me voy. E sentir que saudade é uma palavra que só existe em português.
Gracias, Rodolpho Rodriguez; Arce, Figueroa, De León e Sorín; Rincón, Darío Pereyra, Petkovic e Pedro Rocha; Romerito e Tevez, representando outros como Gamarra, Forlán, Ancheta e todos os estrangeiros que fazem e fizeram sucesso no futebol brasileiro.

domingo, 14 de julho de 2013

Porrada

A jaula é o meu reino. Subo no Octógono e me sinto bem. Posso bater ou apanhar, ganhar ou perder, matar ou morrer. Outro dia encarei um adversário duro. Pura trocação. Parti rápido para o ataque, acertei chute, busquei o chão para dar chave de braço. Procurei o ground and pound. Ele foi de costas para o chão. Meio tonto. Aproveitei e detonei o rosto dele. Eu tava irado. Quando o adversário dá mole, tem de aproveitar. Não pode bobear. É bater, dar cotovelada, chute, até não poder mais. Se for triângulo tem de ser pra quebrar. Isso é o MMA. Antes era vale-tudo. Mas hoje se chama MMA, nome pomposo, pra mostrar que tem regra. É esporte nobre. De inteligência, estratégia. Se o cara tomar um triângulo e não bater na lona, ou o juiz não ver, problema dele. Quebra o braço, e daí? Se outro for no bate-estaca e socar com o cara já desacordado, caído no chão, é o juiz que tem de decidir. Quem bate não pode travar. Pelo esporte. O juiz vacila e o desafiante morre, a culpa está com o juiz. Frouxo é quem para de bater. Não tem respeito pelo que faz. Trocação, estrangulamento, alavanca, chave... O meu mundo. A cara gorda do lutador tava amassada. Eu não perdoei, bati mais. O juiz foi quem interrompeu. Fiz minha parte. Por isso estou aqui contando esta história, cheio de dignidade. Sou campeão. É o esporte. Vale o leite das minhas crianças. Ninguém me deu comidinha na boca na infância... Juiz mole só passeia e deixa morrer. Fora da plataforma, sou como qualquer um. Fico na minha. E se você, que me lê, disser que MMA é violento, pode esperar. Tu tá errado. Te encho de porrada. Na boa. Tamo junto, sou da paz.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Medo

Uma coisa é o pensamento negativo. A outra, a dinâmica positiva. Os que fazem sucesso são aqueles que têm medo do fracasso.

Direito

Se você responde a um invejoso, o torna uma vítima. Ele tem o direito sagrado de sentir inveja, inerente a todos. A melhor resposta a um invejoso é a compreensão.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Padrões

O Brasil na Copa das Confederações: Educação - padrão Namíbia. Saúde - padrão Bangladesh. Transportes - padrão Zâmbia. Segurança - padrão África do Sul. Corrupção - padrão New York, de Boss Tweed. Beleza - padrão Taiti. Manifestações - padrão Paris, 1968. Estádios - padrão Fifa. Futebol - padrão Brasil.

Padrão

Na Copa das Confederações, a Espanha jogou um futebol padrão Fifa. Já a seleção brasileira foi mais além. Jogou um futebol padrão Brasil.

Afecções

Sem transpiração não há inspiração. Como Espinoza dizia, o movimento gera a afecção da alegria, que gera novos movimentos e estes fazem a engrenagem humana funcionar.