Sempre achei Djalma Santos um nome pomposo. De alguém
antigo. De família quatocentona. Que já não estivesse mais entre nós. Surpreendi-me, quando criança, com a resposta de meu pai, após
eu ter lhe perguntado há quanto tempo Djalma Santos havia morrido. “Morreu
nada, tá bem vivo, mora, se não me engano, no Interior”. Além da surpresa, algo em mim se tranquilizou. Era uma
espécie de calmante contra a mortalidade saber que Djalma Santos ainda estava
entre nós. Via, nesse exercício imaginativo, porque ele nem era tão velho
assim, um toque de longevidade. Vibrei com aquele sinal de que a vida tem continuidade, de
que o passado não se extinguiu todo no pó do esquecimento. Fiquei satisfeito pelo
fato de aquele nobre nome, tão distante para mim, não ser apenas saudade. Quando o assistia em entrevistas, desde então, sua
simplicidade, que diferia da imagem de quatrocentão, e seu sorriso espontâneo, de
um ex-sapateiro humilde e simpático, eram uma espécie de bálsamo para mim. Pensava que, nesta ciranda de mudanças rápidas que o mundo
propicia, algo do passado permanecia intacto com sua presença, como uma relíquia
a manter uma mensagem atuante e atual. Djalma Santos era o pretérito perfeito. Era a prova física, com
olhar rejuvenescido, daquilo que se foi com o tempo. Era uma espécie de cronologia
do futebol, esbanjando vigor em seu alcance quase infinito. Ele simbolizava, enfim, o topo de uma árvore genealógica que
havia fincado raízes, dado frutos, mas que se mantinha firme e forte, nas
alturas da glória.Vou ter de repensar algo com sua partida. A derradeira. Nem
para morrer ele foi expulso. Saiu de cena lentamente, tranquilamente, como foram
sua ascensão e sua carreira. Foi embora discretamente, sem tanto destaque, como
ele mereceria. Mas bem como ele gostaria. Repensar para mim, é trazer aquela existência concreta para
algo real e abstrato, como um retrato de Monalisa, moça que por obra da Arte,
se mantém tão viva quanto misteriosa. Não sei como, mas vou ter de fazer algo assim com Djalma. Só
que por meio do futebol, em todos os momentos que a bola, outra a ter de rever
conceitos, simplesmente rolar. A primeira coisa que gostaria de fazer é, para mim, tirar um
dos “s” daquele nome pomposo, agora mortal. E colocar um número 1. Djalma Santo
1. Daqueles idos tão longínquos, só permaneceu Nílton Santo 2. O papa está por aqui e bem que poderia aproveitar e canonizar
os dois para o mundo do Esporte. Porque, no futebol, tanto Nílton quando o
saudoso Djalma, são, além de lendas, os maiores Santos.
quarta-feira, 24 de julho de 2013
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