terça-feira, 31 de maio de 2011

Gato

Livros de Stephen King abordam a morte como tema. Uns personagens lidam melhor com o fato de que um dia irão morrer. Outros não. Em O Cemitério, o gato de uma menina morre atropelado enquanto ela viajava. Ela o adorava, temia que se fosse. Tinha crises ao se deparar com aquela realidade, que estava apenas à espera de seu tempo para se efetivar. Seu pai, antes que ela descobrisse, enterrou o bicho em um cemitério sobrenatural, que propiciava reencarnações. O gato retornou, concretamente, de maneira assustadora. Mole, taciturno, sem o olhar que brilhava em vida. De volta da viagem, a menina, ignorando os acontecimentos, notou a diferença. Sentiu certa repugnância do animalzinho outrora dócil e meigo. Intuiu que, mesmo andando, comendo e dormindo, a morte estava nele. Percebendo que não era o mesmo, a garota já não se assustava com a possibilidade de perdê-lo para sempre. O medo da morte passou, assim como a vida passa, naturalmente.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Luar

Naquele apartamento, a sala tinha móveis simples, dois sofás e uma mesa de vidro. Na geladeirinha no canto da cozinha, apenas o necessário. Depois vinha um corredor, que dava para um banheiro e um amplo quarto acarpetado. No armário embutido, não havia só roupas. Havia sua coleção de miniaturas, colocada em estantes internas, como se ele colocasse naquele armário não só sua vestimenta aparente, mas a necessidade de guardar e organizar as pequenas riquezas que tinha dentro de si. Da janela, avistava uma linha de prédios que davam para o céu amplo da Marginal. Escolheu morar lá por divagação. Ao observar aquela vista, lembrou-se da música do Yes, Owner of a lonely heart, famosa em sua adolescência e, temperado de uma nostalgia, se encantou com o lugar. Era ótimo. Os porteiros eram como parentes. Os vizinhos, companheiros de morada. Ele escolhia os amigos que vinham. Só os mais próximos. Só namoradas com um vínculo especial. Nisto, sua coleção nunca foi muito grande. Os filmes e as novelas também o preenchiam, até a madrugada. Gostava ainda de abrir a janela e ver que a lua estava lá, convidativa e iluminada. Ela era como uma pessoa diferente de tantas outras. Dela ele não tinha medo. Chegou a ver o seu rosto naquela superfície prateada. Antes de fechar a janela, ele sempre falava baixinho, em tom solene. “Boa noite, lua”. Era como uma reza, um pedido de proteção.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

1982

Cada festa de bar-mitzvá, na sua fase dos 13 anos, era o pedaço de um quadro para ele. O quadro de sua adolescência. Também havia os bailinhos e aquela atmosfera de esperança e incertezas. Ele dançava cheio de vergonha com a menina amada, ao som de Nikka Costa, Gino Vanelli e Chicago, nos salões e nas salas das casas anfitriãs. Em paralelo, sua esperança dançava no mesmo ritmo com o seu medo.

Noites

Antes de alguns bar-mitzvás noturnos, ele dormia à tarde, para chegar descansado à festa no buffet. Ouvia no rádio o bordão que o encantava, em uma voz feminina tranquila: “É noite, tudo se sabe”. E desfrutava, no quarto escuro, daquela expectativa adolescente diante de um grande acontecimento, de frente para uma noite ampla.

Açaí

Cada bar-mitzvá e cada uma destas festinhas foram mesmo um grande acontecimento. Pousa em sua memória a lembrança do contentamento que o envolveu ao ver todos se mobilizando para ouvi-lo cantar na sua cerimônia religiosa. Por isso cantou bem, com a alma, o texto da Haftará de Isaías. E na benção após esta reza, caprichou na melodiosa canção, causando a admiração de todos. Então seus pensamentos pularam para a festa de um amigo, em que o comentário geral foi sobre a morte de Gilles Villeneuve, naquele fim de semana. Em outra ocasião, ele e um colega tomaram uma bronca do garçom, por causa de uma inocente guerra de flores, tiradas dos vasos das mesas do salão. Na festa seguinte, sentiu o clima de romance tomar conta dele, enquanto via a menina desviando o olhar em sua direção, ao som da sedutora música Açaí, que fala de vida, de natureza. De uma poeira tomando assento, sinal de que ele também um dia poderia organizar, e realizar, seus sonhos.

Peças

Assim eram aqueles dias, temperados pela paixão pela seleção brasileira, pela emoção da Copa de 1982 e pelas quintas-feiras em que assistiam à cerimônia de colocação dos tefilin, anterior ao bar-mitzvá. Era uma alegria mudar a rotina e ser especialmente convidado para o evento. Em vez de estar na escola, o grupo de amigos ia para a sinagoga, aprontando no carro, depois da meninada ter dormido na mesma casa, para não perder a hora. Assim eram aqueles dias, pedaços de um quadro, peças de um quebra-cabeça intrigante, que despertava indagações, temores. Ele amava tudo aquilo. As noites. A volta para casa no carro de algum pai de plantão, pela ruas vazias da madrugada. Adorava seus amigos e a expectativa daqueles dias. É verdade que o mundo promissor, sem injustiças e repleto de conquistas, não obedeceu à imaginação adolescente. Muita coisa se perdeu no caminho, em meio a decepções. Mas passado o furacão, ele finalmente, como se acordasse de um pesadelo, pode visualizar, de novo, aqueles tempos com carinho. Sentiu entusiasmo ao perceber que, por outro lado, tais sonhos se realizaram, não em um conto de fadas, mas na realidade da vida. Reviu a imagem daquele quadro, formado por mil peças de bar-mitzvás, aventuras e lembranças. Ela, afinal, existe até hoje. É a imagem de um coração de menino, que apenas amadureceu.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Janela

Daquela janela, na infância, o som do trem por entre os prédios o intrigava. A noite era misteriosa naquele apartamento nos Campos Elíseos. Ele via um mar de prédios, observava movimentações nas janelas, sentia o palpitar da rua adormecida lá embaixo, com o resto dos transeuntes finalizando mais um dia. Seus enigmas e seus sustos eram grandes em frente à paisagem urbana que se estendia até as montanhas da Zona Norte. Diante novamente daquele painel, muitos anos depois, ele sentiu saudade daquele medo e reconfortado por ter evoluído em suas respostas desde então. A vista continuava lá, intacta, e carregava algo intenso. Era uma espécie de nostalgia diante do que gostaria de ter sido e compaixão pelo que foi. Percebeu um pouco de seu filho e de sua doçura infantil se misturarem a estes sentimentos. Gostou ainda mais de si e da criança. Sua tia tinha envelhecido, mas ainda estava lá, morando naquele apartamento. Ele já não podia se envolver àquele cenário como antes. Parecia estar distante. Queria voltar no tempo, mas também andar para frente. Tinha medo de que tudo aquilo se encerrasse de repente, quando sua tia já não estiver mais por lá. Pensou no seu filho, na vida e na morte, na infância e na fase adulta, nas dificuldades que a vida apresenta a cada instante, representada na vastidão daquele horizonte urbano. Até a concretude daqueles prédios cinzentos parecia ser efêmera. Então o ruído de trem, vindo da Sorocabana, cortou a noite e ele teve prazer em voltar a sentir aquele susto de menino.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Consciência

Construir a estação de metrô vai denegrir o meu bairro; não jogo no Municipal porque não é o meu estádio; não ajudo um colega porque afeta o meu interesse; vou prejudicar aquele jovem que roubou minha namorada; vou parar de jogar porque esta é a minha bola; vou contar para minha mãe que não empresto o meu brinquedo. Tudo porque entrei em luta intrauterina para garantir meu nascimento. Mas quando durmo no meu travesseiro encontro a minha consciência. Ela me conta, compreensiva, que preciso mudar minha vida. Então concordo arrependido mas não encontro minha alma. Só consigo seguir em frente porque não desisto da minha busca.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Lost

Na ilha cheia de mistérios, o rosto de Jack, fino e harmonicamente alongado, prevaleceu. Seu olhar honesto, firme, convicto foi uma referência para os companheiros involuntários. Jacob nunca foi totalmente bom, teve um lado medroso. O Inimigo deixou-se levar pelo ódio. Está aí a origem do bem e do mal, em nuances que emergem de um ponto comum, de uma fonte de luz. De toda a complexidade do enredo, tão inexplicável como o nosso enredo, ficou um ponto: o vínculo afetivo dentro de um grupo. O ser humano é um ser social. Cada ilha precisa interagir com outras para uma vida plena de harmonia e superação. Lost foi uma série que contou a história de perdidos, em seus voos turbulentos, que lutavam contra a realidade da vida e que só puderam seguir em frente, na realidade da morte, quando se perceberam dependentes do amor de um pelo outro. A segunda chance veio em um momento em que não havia mais o tempo, em que a eternidade imperou no lampejo de um sorriso, no calor de um abraço, no instante de um reencontro. Este sim foi um voo sem volta.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Estima

Entrou assustado no fim-de-semana. Dirigia pela rua, a caminho do lar, e enquanto a noite caía lá fora, sentia como uma ameaça ficar dois dias sem trabalhar. Voltou para casa, encontrou seus filhos e sua esposa, não conseguiu ficar sozinho em frente à TV. Eram gritos de todos os lados, algumas cobranças que o incomodavam. Falta de afeto e palavras desafiadoras o desanimavam. Esse enredo se repetia. Pediu uma pizza. Tomou um banho, jantou e foi dormir um sono tranquilo, que só temperaria a sua vida adormecida. Na meia-vigília lembrou que ele não era Clarice Lispector, nem Raymond Chandler. Conformou-se em ser um escritor medíocre, que redigia sem se transportar. Era um escritor deveras são, sem imaginação, ávido por uma alucinação, que teimava em não emergir de sua sombra morta. De repente acordou de um salto. A esposa ao lado tinha curvas que o remetiam às montanhas e paisagens sinuosas da Califórnia de Chandler. Seus olhos eram límpidos como a luz dos letreiros de Los Angeles. Seu sorriso, nos bons momentos, estampava a alegria de Lispcetor inspirada, como uma flor que se abre para a vida. A manhã se fez por entre as frestas da janela. Ele se levantou revigorado, agradecido. Tomou um banho. Passou o indicador no vidro evaporado e redigiu então suas primeiras palavras em meses. “Eu me amo”. Pronto, abriu a porta para o ar refrescante e saiu para comprar pão para as crianças. Em vez da queixa, a esperança. A partir daquelas palavras, não importava o que acontecesse, ele estava pronto para continuar a escrever a sua própria história. Estava até preparado para ouvir, sem irritação, a bronca da mulher quando chegasse em casa. “Por que você não escreveu eu te amo?”

Desconhecido

No fundo do mar predomina o silêncio. Lá, sob pressão inacessível ao homem, a luz não chega. A escuridão é plena. Cadeias montanhosas altíssimas, algumas mais altas que o Himalaia, se arranjam em um plâncton cheio de complexidade. Às cegas, enquanto crustáceos exóticos; figuras bizarras com duas cabeças; peixes com escamas pontudas; misturas de tubarão com arraia; animais com cabeças enormes e corpos ínfimos; bichos com olhos na ponta da cabeça fazem da atmosfera marinha um lugar misterioso. A vida local é harmônica, favorece o meio ambiente, mas dá medo imaginar. Lá no fundo do mar, onde a diversidade de espécies chega aos milhões, o conhecimento do homem quase não chega. A morte sim. Por lá estão afogados o sofrimento humano, a história incógnita, o desconhecido. Uma cidade submersa se oculta, navios que carregavam esperanças se deterioram entre as algas, corpos inchados de gente que sorria e sonhava se decompõem submissos à natureza, solitários como balões perdidos. Se eram organismos fortes e ativos, hoje são carcaças frágeis e inertes. O oceano é o outro lado do homem, que na sua superfície tem condições de respirar aliviado, deixando para as profundezas o seu mundo estranho. O seu lado terrorista. Nos escombros do mar, repousa Bin Laden.

One

As melodias do U2 se misturavam com a brisa que soprava na noite estrelada. O clima era mesmo místico no estádio do Morumbi, que emanava uma energia contagiante. A massa pacificada e alegre entoava cantos em uníssono, repetindo os refrãos das músicas conhecidas, símbolos de gerações. Os rostos estavam iluminados pela luz dos holofotes, cujas partículas pipocavam no ar cintilante. Pareciam um só, todos bonitos, revigorados pelas mensagens de paz que as letras traziam, pelas imagens emocionantes do telão, se referindo à importância do respeito, do amor e da solidariedade entre os seres humanos. Lembrei-me então que a música One fala justamente sobre isso. Ao fundo, os prédios que rodeavam o estádio, pareciam testemunhar o momento épico, com janelas iluminadas representando o dia-a-dia de cada um nessa correria em busca da afirmação que é a vida. Não saberia definir o que era todo aquele cenário, em que me misturei alimentando meus sonhos, fazendo-os viajar pelo tempo, pelo meu passado, por outros mundos que eu podia ver das arquibancadas. Eles ressoavam pelo céu junto com outros tantos sonhos, passeando ao lado das constelações e da lua, observadores privilegiados da nossa era, condensada naquele show. Não saberia definir exatamente o que era aquilo tudo. Só poderia dizer com certeza que era o oposto da guerra.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Cavernas

Muitas celebridades e famosos expõem pensamentos no twitter. Acham que estão abafando, mas estão se revelando. Jogadores de futebol são um exemplo. Desabafam grosserias, revanchismo e insultos como se estivessem filosofando. O twitter é mesmo espelho de uma era de exibicionismo, em que a aparência oculta outro universo. Pesquisadores se debruçam por anos em busca de escritos em cavernas e documentos antigos. Anseiam por um mínimo sinal de como eram os tempos antigos. De apenas uma letra, ou da forma com que foi impressa, teorias comportamentais se desenvolvem. Já os documentos dos tempos modernos se multiplicam. São verdadeiros papiros eletrônicos. Abundam rumo à eternidade, quase sem o perigo do desgaste. O historiador que os ler daqui a milhares de anos terá um preciso retrato de nossa época. Entenderá o que há por trás de tanta selvageria e futilidade. Talvez note até um coração ferido em pleno desabafo. E perceba o que não conseguimos perceber. Transforme em amor o ódio dos insultos; em carência as frases de egoísmo; penetre na profundidade das palavras vazias. Este privilegiado verá com outros olhos a nossa era; encontrará riquezas que não enxergamos; perceberá quanto tempo perdemos; terá a clareza que não temos; resolverá as guerras que não resolvemos. Tudo isso auxiliado, muito mais do que pela tecnologia da informática, pelos olhos compadecidos da história. Em sua sabedoria, ele decifrará nossa alma atormentada, alimentado pelas palavras que utilizamos para nos esconder. Finalmente, alguém terá compaixão de nós, homens, ainda aprisionados nas cavernas da nossa mente.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Juramento

Há muitos médicos que mancham a pureza da roupa branca. A moda para eles é a ambição, os compromissos, os negócios que fazem com a profissão. Sentem-se incomodados quando um paciente adentra no corredor do hospital, aflito. Os consideram inoportunos e hipocondríacos. Quando estes pacientes telefonam em horário inapropriado, então, nem se fala. “Agora estou em um compromisso social”, disse um deles, desligando na cara da esposa de um senhor com câncer. Do juramento de Hipócrates e na tradição de Asclépio, emana a necessidade da compreensão da essência humana acima de tudo. A doença, ou a ameaça dela, afinal, pode fazer fortalezas humanas sucumbirem diante da dor. Ao médico cabe acolher os vulneráveis, os colocando acima até de seus interesses pessoais, da pressa cotidiana, das dificuldades da profissão. O chavão “já não há mais médicos como antigamente” está cada vez mais adequado aos tempos atuais. Meu pai era médico. Ele não era assim. Atendia com humildade. Cometia deslizes, mas, introspectivo que era, remoía-se em remorsos diante do mais ínfimo erro e tentava aprender com ele. Como se seus deslizes fossem seus pacientes. Ele era um médico de família, função rara hoje em dia, principalmente de famílias pobres. Meu pai era um verdadeiro médico. Um médico compreensivo, humano, tolerante com a dor alheia. Ele ouvia atentamente as queixas, franzia o cenho de tanta concentração. Não ficou rico com isso. Mas partiu com honra, sem macular a roupa branca. Meu pai era um médico dos bons. Ele era um médico paciente.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Natureza

O Barcelona marca como uma neblina densa no campo; toca a bola como uma brisa intermitente e ataca como as rajadas de um furacão. Mostra que o futebol em sua plenitude também é uma força da natureza.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Entardecer

Fim de tarde na praia deserta. Ele brincava com o menino e sentiu a imagem de ambos se envolver no cenário paradisíaco. Ao fundo, um horizonte laranja, temperado por nuvens rosas e um toque azul do céu. À sua frente, o olhar da criança, de pele clarinha e olhos pretos, que corria de lá para cá, à beira-mar, chutando uma bolinha colorida, feita de borracha pesada. E o verde da mata que circundava a areia bege dava uma coloração final à cena.
Ele contemplava tudo como se observasse um quadro de Monet, em que as cores impressionistas mesclavam-se e se transformavam em sonho. Ao mesmo tempo, participava da brincadeira. Dizia para o garotinho sorridente. “Olha para a bola”. E ele às vezes acertava um chute certeiro para o alto, com sua canhotinha lisa, atingindo uma altura invejável para seus pouco mais de dois anos. Num dos chutes, a bola caiu no mar, sob o segredo das ondas brancas. A criança então criou uma história. “A bolinha ficou no mar, os peixes estão brincando com ela”. Mesmo assim, insistiu em procurá-la, insatisfeito com a perda e curioso em relação aos mistérios que o oceano propicia. Onde fora parar aquela bolinha? O homem pediu que ele voltasse à areia. Estava ficando um tanto fundo. O menino, contrariado, não obedeceu. E para evitar maiores riscos, ele teve de entrar na água, de tênis, sem deixar de dar uma leve reprimenda na criança. Alçou seu corpo no colo e ouviu a voz fininha em harmonia com o som da maresia. “Os peixes estão com ela”. Lembrou-se que a bolinha tinha traços coloridos, com as mesmas cores que os cercavam: verde, rosa, laranja, azul e bege: mata, nuvem, horizonte, céu e areia. Não era coincidência. Era como a energia nuclear. Carregada de intensidade concentrada, a bolinha tinha muito dos dois, pai e filho. Ela ficou por lá, pequeno núcleo de cores, marcada de amor, alegria, esperança e força vital. Como um poema colorido. Como um quadro impressionista ou a página de uma história qualquer. No fundo do mar, para todo o sempre, ficou um pedaço daquela tarde.