terça-feira, 31 de maio de 2011

Gato

Livros de Stephen King abordam a morte como tema. Uns personagens lidam melhor com o fato de que um dia irão morrer. Outros não. Em O Cemitério, o gato de uma menina morre atropelado enquanto ela viajava. Ela o adorava, temia que se fosse. Tinha crises ao se deparar com aquela realidade, que estava apenas à espera de seu tempo para se efetivar. Seu pai, antes que ela descobrisse, enterrou o bicho em um cemitério sobrenatural, que propiciava reencarnações. O gato retornou, concretamente, de maneira assustadora. Mole, taciturno, sem o olhar que brilhava em vida. De volta da viagem, a menina, ignorando os acontecimentos, notou a diferença. Sentiu certa repugnância do animalzinho outrora dócil e meigo. Intuiu que, mesmo andando, comendo e dormindo, a morte estava nele. Percebendo que não era o mesmo, a garota já não se assustava com a possibilidade de perdê-lo para sempre. O medo da morte passou, assim como a vida passa, naturalmente.

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