sexta-feira, 13 de maio de 2011

Desconhecido

No fundo do mar predomina o silêncio. Lá, sob pressão inacessível ao homem, a luz não chega. A escuridão é plena. Cadeias montanhosas altíssimas, algumas mais altas que o Himalaia, se arranjam em um plâncton cheio de complexidade. Às cegas, enquanto crustáceos exóticos; figuras bizarras com duas cabeças; peixes com escamas pontudas; misturas de tubarão com arraia; animais com cabeças enormes e corpos ínfimos; bichos com olhos na ponta da cabeça fazem da atmosfera marinha um lugar misterioso. A vida local é harmônica, favorece o meio ambiente, mas dá medo imaginar. Lá no fundo do mar, onde a diversidade de espécies chega aos milhões, o conhecimento do homem quase não chega. A morte sim. Por lá estão afogados o sofrimento humano, a história incógnita, o desconhecido. Uma cidade submersa se oculta, navios que carregavam esperanças se deterioram entre as algas, corpos inchados de gente que sorria e sonhava se decompõem submissos à natureza, solitários como balões perdidos. Se eram organismos fortes e ativos, hoje são carcaças frágeis e inertes. O oceano é o outro lado do homem, que na sua superfície tem condições de respirar aliviado, deixando para as profundezas o seu mundo estranho. O seu lado terrorista. Nos escombros do mar, repousa Bin Laden.

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