sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Ringue

Não dá para fugir da responsabilidade de viver. Estamos presos em um ringue onde, em vez de violência, a arma para se boxear é a inteligência. A briga só termina no último assalto, para que haja a congratulação e o abraço no adversário, a realidade. Joe Louis, vindo das camadas mais pobres norte-americanas, se tornou um peso-pesado lendário, pois aprendeu apanhando da vida.  Dizia, sobre quem tentasse fugir dele em um combate. “Ele corre, mas não se esconde”.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Superpoderosas

Cada mensagem eletrônica da diretora parecia uma bomba. Ela era apressada, autoritária, definitiva. As frases curtas que desferia, muitas vezes monossilábicas, eram intencionalmente feitas para parecerem controlar o destino das galáxias. No caso, os alvos eram pessoas. Quando a resposta era “estou sem agenda neste fim de ano”, pode esquecer. Às vezes, os mísseis seguiam a rota de mensagens como “estou fora” ou “fale com minha secretária”. Tudo curto e grosso, sem assinatura. Quando a resposta era um “ok”, ele se sentia um diplomata vitorioso em sua missão de paz. Ele, com seus e-mails educados e explicativos, não conseguia se adaptar a este esquema impessoal. Até tentava ser objetivo, mas, quando iniciava com “oi fulana”, se via impelido a incluir em seguida um “tudo bem?” Depois de muito pensar, sem pressa, diga-se de passagem, chegou a uma conclusão. Não é o mundo moderno, nem os compromissos, nem a pressão. É algum medo. É a necessidade permanente de auto-afirmação submetida a uma espada de Dâmocles, que ameaça cair sobre quem ocupa o trono. Poderia também ser algo químico. E neste caso, a modernidade até ajudaria. A mente das superpoderosas pode ser estudada de maneira esclarecedora. Resolveu, então, sugerir a um cientista dar início a uma pesquisa para saber se a luta pela igualdade aumentou o nível de testosterona no público feminino. Mas, para desgosto delas, esta seria uma longa história.

Tentativa

O mundo real tem porões. Como se fosse um corpo ligado por veias e artérias. Nestes canais que unem pontos, corre a seiva onírica e psicanalítica da vida. Ela se esconde, mas tem um infinito potencial revelador. Ele domina cada gota de sangue, suor, bile, saliva, urina ou qualquer líquido oculto no interior de nossas aparências. Invejo aqueles que passam os dias fugindo deste universo insondável, pensando que conseguem. Deve ser difícil atravessar uma existência feita por frases de efeito que enganam sentimentos. De silêncios enigmáticos disfarçados de sabedoria. De meias palavras. De sorrisos pela metade. De olhares hirsutos e feições melífluas. E de ser reconhecido por tudo isso, fazer até sucesso, sem, no entanto, se reconhecer. Obrigar o outro a se desdobrar para descobrir verdades nos mínimos detalhes, na posição das mãos, na angulação das sobrancelhas, no brilho dos olhos. Ou então deixá-lo extenuado em sua procura, para que se conforme com a padronização do "não me pergunte nada mais além disso". Pergunte-me, você, se falo de alguém especificamente. Direi que sim, mas me sinto no direito de não dizer quem. Afinal, eles são um e muitos. Vou usar do mesmo artifício que embala a crítica deste texto. Quero experimentar não me expor. Quero me preservar por medo e por interesse. Quero tentar ser igual a eles. Pela primeira vez.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Irmãos

Os mísseis desceram certeiros no prédio antigo e cinzento. Até hoje me lembro do som e da cena. Primeiro um assobio fino, riscas de fumaça no ar. A terra tremeu, numa dança macabra com o barulho ensurdecedor que assolou o quarteirão. Instantes de silêncio. Poeira e pedaços de alvenaria para todos os lados. Cheiro seco de ruína. Rostos encobertos pelo cal. Em seguida, gritos de horror. Homens e mulheres com trajes rasgados, descabelados, com olhares atônitos e avermelhados de medo. Saí correndo em direção ao horizonte. Nada encontrei. A angústia me impediu de seguir em frente. Meu braço estava esfolado. Meus joelhos, doloridos. O impacto ainda fazia meu corpo tremer. Vi, então, um boneco de pano chamuscado pelas cinzas, tombado entre os destroços. Tinha cabelos de lã, ruivos e despenteados. Os olhos estavam arregalados e mortos. Ao seu lado, uma criança de cabelos castanhos curtos, camiseta do Mickey e bermuda jeans. Como se fosse o irmão mais velho. Suas sandálias estavam a alguns metros. A pele branca se destacava no meio do barro. Ele não se movia, jazia em uma poça de sangue. Não precisei adivinhar que gostava de jogar bola. Nem que sua mãe adoraria que ele estudasse na melhor escola da região. E que vislumbrava, entre aquela cortina de miséria, o dia em que ele iria sair de casa, a sua cerimônia de formatura, as vezes em que iria assisti-lo jogar. Ansiava por vê-lo com 1m90, cobiçado pelas garotas, comemorando títulos, recebendo medalhas. Mas diziam que ele era filho de terrorista. Assim, não houve muito tempo para divagações.  Apenas seis anos. Até ele ser carregado por uma multidão ensandecida de palestinos, para ser sepultado como mártir, junto com todos os sonhos fragmentados de sua mãe. E os que ele não pôde sonhar. Só faltou algo: o seu boneco de pano, esquecido entre os escombros. Ele permaneceu lá, no meio da sujeira. A mesma superfície chamuscada. Os mesmos cabelos ruivos. Os olhos continuavam arregalados.  A diferença é que naquele momento eles pareciam chorar.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Plumagem

Mano Menezes confiou em Pato. Botou Ganso. Viu Júlio César levar frango. Sua seleção apenas alçou voos de galinha. Não abriu as asas da imaginação da torcida. A imprensa piou. O presidente achou que devia botar ordem no poleiro. Quis cantar de galo. Meteu o bico. Surpreso, o treinador nem soube qual ave de rapina o fisgou. Foi assado. Saiu chocado. De dar pena. Mas restou algo aos que não são urubus. Torcer por novos ovos de ouro para a pombosa, ops, pomposa seleção brasileira de futebol. Também conhecida como Canarinho.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Adolescência

Gosto de Justin Bieber. Passou rápido de criança a adolescente.  Não tem vergonha de demonstrar inseguranças próprias da idade. Ele não se gaba, nem exala a revolta agressiva dos jovens que se desesperam diante de seus conflitos. Até a voz em transformação revela muito sobre esta fase da vida. Um dia eu disse para meu pai. “A adolescência é uma fase triste”. Ele concordou, mesmo não querendo ver meu sofrimento. Ele sabia que, ter consciência disso, era um remédio amargo, mas que seria transformado em algo produtivo no futuro. Bieber, por exemplo, o transformou em canto. O timbre ainda indefinido faz mais verdadeiras as suas incertezas. E com elas, o seu sucesso.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Afetuoso

Desde criança eu achava aquele tio misterioso. Era baixinho, corpo atarracado, cara volumosa, olhos grandes e negros, sotaque semelhante ao árabe, falando com as vogais abertas e em tom espalhafatoso. Andava sempre perfumado, com costeletas, camisa social aberta e sapato bico fino. O filho o idolatrava. Nem ligava para sua fama de mulherengo. Eu  só ouvia os elogios que saíam seguros e firmes na voz daquele menino, meu primo. “Não sei o que meu pai faz, ele não me conta. Outro dia vi ele desembrulhando uma arma que tirou do armário, mas ele logo a escondeu quando percebeu que eu estava lá”. Só fui uma vez à sua casa, depois que se divorciou de minha tia. E não vi nada de estranho. Era um apartamento simples, com  móveis estofados marrons, pisos de cerâmicas ornados de tapetes, um corredorzinho e um quarto. Nenhum quadro revelador, nem cofre, nem mafiosos fumando pelos cantos. De nossas poucas conversas, lembro apenas dele me dizer que não gostava de futebol porque não via sentido em onze homens correrem atrás de uma bola. Parecia viver seu mundo com intensidade. Tinha certa razão, porque, enquanto os trouxas corriam, a vida rolava, desenfreada. E ele a seguia, viajando aqui e ali, saindo por uns tempos, levando na sua bagagem os seus mistérios e a imaginação do filho. “Acho que ele é traficante de armas”, me revelou um dia o menino, um tanto orgulhoso. Sempre que me via, o tio declarava que me amava, deixando-me um pouco constrangido com o calor afetuoso e molhado de seu beijo em minha buchecha. Soube outro dia que ele morreu. Estava mesmo sumido. E morreu sem querer que ninguém soubesse do fato. Nem de que ficarara acamado. Foi o filho quem cuidou dele. Senti por nunca lhe ter perguntado quem ele era, o que queria, o que sentia. Só sabemos acusar os outros de não fazerem isso com a gente. Seu beijo afetuoso parecia dizer que ele não gostava de fugir. Era uma necessidade, entre tantas pessoas passageiras. Mesmo sem conhecer as respostas, acredito que desvendei  os seus mistérios,  por pura intuição. Ele até gostaria de falar de si para quem realmente quisesse ouvi-lo. Estou convicto de que ele não era traficante. E não era mesmo. Um dia descobri que aquela arma que ele desembrulhou e escondeu de meu primo era, na verdade, uma arma de brinquedo.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Praiana

A cidade de Santos tem um ar emblemático. Nela se mesclam passado e presente, pobreza e riqueza, cultura e frivolidade. Cidade mágica porque aglutina regionalismos: os caiçaras falam tu, como no Rio Grande do Sul. Nas ruas, o aspecto colonial se mistura a algumas construções novas. Quinta-feira, três da tarde. Nos jardins do calçadão da praia, um menino de chinelo conversa com um adulto sem camisa. Um pai conduz o filho até a areia e depois compra uma cerveja na barraca. Um bêbado tropeça no lixo ao lado da escada.  O vento sopra o cheiro da maresia. Enquanto isso, os navios se espreguiçam no horizonte. E as ilhas acenam tentando vencer a distância da costa, do homem, do mistério daquelas águas escuras. Naturalmente escuras, como os olhos castanhos de uma sereia decadente. Santos é bonita em sua integração do novo e do velho. Por sua neurastenia praiana. Por seus mendigos dançando com a garrafa à beira-mar. Pelas moças do interior com biquini que as revelam. Pela melancolia que vira alegria à espera de algo, sempre que a manhã rompe nos morros. Ou quando se acende o colar de prédios da orla. Santos trabalha para aparar arestas. Transforma pesadelos escuros do cais em sonhos alegóricos dos cruzeiros. Mistura de céu, mar e gente. De urubus e de colibris. Do futebol moleque que afasta a tristeza. De história e de tecnologia. Do cheiro de peixe e do aroma de jasmim. De carros modernos que cruzam trilhos de trem. Cidade simples e complicada. Grande e pequena. Onde a mata vence a fumaça. Lugar que revela o paradoxo humano. Símbolo da alma do Brasil. A palavra Santos tem a ver com o sagrado, são. Mas a loucura lateja na cidade mais carioca de São Paulo. Ela mexe comigo, como uma prostituta idosa e cheia de charme. Nas férias escolares, em seu seio me isolava, assustado. Em prantos. Na sua inocência pervertida, plantei a semente de minha maturidade. E hoje posso dizer que amo os seus truques, fundamentais para nos mantermos vivos, a cada pôr-do-sol no Boqueirão.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Fuga

Não se assuste, por favor. Vou dizer algo que me fará parecer um louco diante de você, moça ou moço apegado aos temas corriqueiros. Não é minha intenção espantá-lo, mas sei que isso pode e deve ocorrer. Pelo menos durante sua disparada, tente refletir enquanto seus passos rápidos ou trôpegos tentarem se afastar junto com sua mente. Foi a madrugada, a mesma do texto abaixo, que me contou em mais um dos momentos em que bailei com ela, adormecido em minha insônia. Ela me sussurrou ao pé do ouvido, com seu perfume encantador, algo que me inebriou, como o som de uma música lenta e romântica. Seu corpo moldado, roçando em mim com seu vestido cor de noite me seduziu. Quase desmaiei de fascínio, quando ouvi ela me dizer na pista de sonhos que dividimos, baixinho, uma frase que o assustará. Repito o que ouvi: “o desenvolvimento do Brasil é feito de testosterona e não de oxitocina”. Já vi que fugiu, por isso falo mais alto, grito, enquanto você ultrapassa casas, muros, atravessa ruas e vira esquinas asfaltadas, tropeça em árvores na calçada até se transformar apenas em sons de passos cada vez mais distantes na noite. Já não dá para gritar “não vá embora!” Ainda insisto em fazer isso com a madrugada, a única que me ouve e me cativa. Nunca dá certo, ela sempre se vai, trocada pela luz da manhã. Mas aprendi a levá-la comigo durante o dia, e isso é um consolo importante. A você, já não peço que fique. Ou melhor, clamo apenas para que não se assuste e pense neste negócio de testosterona e oxitocina. Não precisa ser culto ou ter uma inteligência acima da média para descobrir o que isto significa. Basta apenas se interessar por aquilo que digo. E, agora, grito.

Insônia

Gosto da madrugada, mas desta vez ela me assustou. Acordei atônito e vi em seu semblante um horizonte de prédios silenciosos. Ar sanguíneo nas profundezas acinzentadas. Não ouvi sua voz, apenas murmúrios esparsos que atiçaram meu medo. E minha imaginação voltava ao dia anterior: dificuldades diante das pessoas, notícias ruins, ameaças. O psicoterapeuta Wilfred Bion já dizia que a solução do relacionamento entre as pessoas é “tornar proveitoso um mau negócio”. Eu observava pela janela do terraço. A madrugada, mesmo muda, parecia me sussurrar algumas palavras e me enviar alguns olhares. “Mau negócio, mau negócio...”, ouvia de suas entranhas que se misturavam ao perfume de fora. Na manhã anterior, vi a jornalista da TV, com ar solene, apresentar cenas de um homem matando o outro. Isso no horário em que antes se passava a TV Globinho. Hipocrisia, nada de violência. Dinheiro, audiência, falta de formação e informação. Bion bem poderia dizer, entre suas estantes de livros e atrás de um paciente angustiado no divã: “a cultura da violência aumenta a violência”. Mau negócio esses tais olhares violentos alimentados por esta cultura, ou falta de. Virei de lado, por entre as cinzas da insônia que queimava. Cheguei a suar de calor. Cara apresentadora,  pensei, não faça esse ar de seriedade para mostrar essas cenas. Elas deveriam acariciar sua face maquiada como meninas zombando da professora. Elas existem em muito menor grau, mas você tenta convencer-nos do contrário. Eu me prejudico, porque as pessoas se influenciam e se personificam em maus negócios. A cultura da violência alimenta e dissemina a violência, concluí, desta vez sendo eu mesmo, e não me transportando ao ego de Bion. Aliás, professor, sei que não vou dormir antes que surja a claridade do sol por trás da massa concreta e adormecida. Ouvirei o primeiro canto dos pássaros, plantados nas árvores e sobrevoando o céu da manhã, como se fossem a voz do terror de uma noite sem dormir. Portanto, peço ao senhor, antes que faça um mau negócio, que não tente interpretar meu sonho. Eu mesmo tento entendê-lo à minha maneira. Ainda mais porque, afinal, eu estou acordado.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Repetições

Mandei algumas perguntas a Amós Oz  por e-mail. Numa delas, citei a frase de Nelson Rodrigues, “eu não existiria sem as minhas repetições”. Perguntei ao escritor israelense se ele existiria sem as suas repetições. Esperei, esperei por alguma resposta. Enquanto isso, me lembrava de passagens de seus livros. Em De amor e trevas, ele conta a história de seu pai, um erudito cheio de ilusões, mas que nunca conseguiu a cátedra de titular da Universidade Hebraica de Jerusalém. Desde menino, Oz vivenciou esta busca frenética, jamais alcançada, como parte também de sua história. O drama de seu pai o tocou e o intrigou.“Ninguém ligou para as setenta e sete sabedorias de meu pai”, revelou na obra, com um misto de realismo e compaixão. O próprio escritor, porém, fez algo parecido. Nunca me respondeu. Nem deu bola para as “setenta e sete sabedorias” das minhas perguntas. Foi sua forma de me dizer que ele também não existiria sem as suas repetições.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Escuro

Eu me acho o maioral. Eu me acho. Eu me acho e não me encontro.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Bocas

O menininho de três anos resiste à tentativa da tia de lhe dar um pedaço de carne. Ela aproxima o garfo e ele, sentado próximo da mesa, reage. “Não vai entrar porque isto é o Boca”, em referência ao time argentino. “O Boca não faz gol”. A tia, então, troca a carne por um pedaço de bolo de morango. Nova tentativa, desta vez plenamente aceita. “O garfo não era o Boca?”, pergunta. “Era, mas foi gol contra”, responde a criança.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Velhos

A pele enrugada, os cabelos brancos e o corpo desgastado pelo tempo não escondem o brilho do olhar, que continua o mesmo. A não ser que tenha se tornado mais opaco pela falta de atenção. Poucos ouvem o que os idosos têm a dizer. Eles não estão na moda. Seus anseios, seus pensamentos, suas recordações não são pautas tão interessantes. Até quando fazem sucesso são motivos de desconfiança, ou de gozação. Muitas pessoas temem o esquecimento que por vezes envolve uma memória envelhecida. Como se isto simbolizasse o mergulho em uma caverna escura que um dia todos habitarão. Mas velhice não é escuridão. No filme "E se vivêssemos todos juntos?", a busca de um grupo de velhos por acolhimento é o tema central. Eles conseguem se inserir de uma maneira aberta e criativa em um mundo no qual um cuida do outro, ressaltando o significado de amizade. A trama mostra que até mesmo o termo velho não pode ser entendido apenas por seu significado pejorativo. Velho tem a ver com dignidade, com vivência, com sabedoria, ainda que a mente não se lembre de mais nada de concreto. Escutar alguém velho, angustiado, é o primeiro passo para ajudá-lo. O coração dele se encherá de alegria. A gratidão não precisará vir por palavras, para atender apenas rompantes vaidosos da juventude. A velhice dos outros é uma grande chance para o ser humano aprender sobre si mesmo, no presente e no futuro. E entender, finalmente, que aquele que ama não faz favor.