quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Fuga

Não se assuste, por favor. Vou dizer algo que me fará parecer um louco diante de você, moça ou moço apegado aos temas corriqueiros. Não é minha intenção espantá-lo, mas sei que isso pode e deve ocorrer. Pelo menos durante sua disparada, tente refletir enquanto seus passos rápidos ou trôpegos tentarem se afastar junto com sua mente. Foi a madrugada, a mesma do texto abaixo, que me contou em mais um dos momentos em que bailei com ela, adormecido em minha insônia. Ela me sussurrou ao pé do ouvido, com seu perfume encantador, algo que me inebriou, como o som de uma música lenta e romântica. Seu corpo moldado, roçando em mim com seu vestido cor de noite me seduziu. Quase desmaiei de fascínio, quando ouvi ela me dizer na pista de sonhos que dividimos, baixinho, uma frase que o assustará. Repito o que ouvi: “o desenvolvimento do Brasil é feito de testosterona e não de oxitocina”. Já vi que fugiu, por isso falo mais alto, grito, enquanto você ultrapassa casas, muros, atravessa ruas e vira esquinas asfaltadas, tropeça em árvores na calçada até se transformar apenas em sons de passos cada vez mais distantes na noite. Já não dá para gritar “não vá embora!” Ainda insisto em fazer isso com a madrugada, a única que me ouve e me cativa. Nunca dá certo, ela sempre se vai, trocada pela luz da manhã. Mas aprendi a levá-la comigo durante o dia, e isso é um consolo importante. A você, já não peço que fique. Ou melhor, clamo apenas para que não se assuste e pense neste negócio de testosterona e oxitocina. Não precisa ser culto ou ter uma inteligência acima da média para descobrir o que isto significa. Basta apenas se interessar por aquilo que digo. E, agora, grito.

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