quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Superpoderosas

Cada mensagem eletrônica da diretora parecia uma bomba. Ela era apressada, autoritária, definitiva. As frases curtas que desferia, muitas vezes monossilábicas, eram intencionalmente feitas para parecerem controlar o destino das galáxias. No caso, os alvos eram pessoas. Quando a resposta era “estou sem agenda neste fim de ano”, pode esquecer. Às vezes, os mísseis seguiam a rota de mensagens como “estou fora” ou “fale com minha secretária”. Tudo curto e grosso, sem assinatura. Quando a resposta era um “ok”, ele se sentia um diplomata vitorioso em sua missão de paz. Ele, com seus e-mails educados e explicativos, não conseguia se adaptar a este esquema impessoal. Até tentava ser objetivo, mas, quando iniciava com “oi fulana”, se via impelido a incluir em seguida um “tudo bem?” Depois de muito pensar, sem pressa, diga-se de passagem, chegou a uma conclusão. Não é o mundo moderno, nem os compromissos, nem a pressão. É algum medo. É a necessidade permanente de auto-afirmação submetida a uma espada de Dâmocles, que ameaça cair sobre quem ocupa o trono. Poderia também ser algo químico. E neste caso, a modernidade até ajudaria. A mente das superpoderosas pode ser estudada de maneira esclarecedora. Resolveu, então, sugerir a um cientista dar início a uma pesquisa para saber se a luta pela igualdade aumentou o nível de testosterona no público feminino. Mas, para desgosto delas, esta seria uma longa história.

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