domingo, 14 de julho de 2013

Porrada

A jaula é o meu reino. Subo no Octógono e me sinto bem. Posso bater ou apanhar, ganhar ou perder, matar ou morrer. Outro dia encarei um adversário duro. Pura trocação. Parti rápido para o ataque, acertei chute, busquei o chão para dar chave de braço. Procurei o ground and pound. Ele foi de costas para o chão. Meio tonto. Aproveitei e detonei o rosto dele. Eu tava irado. Quando o adversário dá mole, tem de aproveitar. Não pode bobear. É bater, dar cotovelada, chute, até não poder mais. Se for triângulo tem de ser pra quebrar. Isso é o MMA. Antes era vale-tudo. Mas hoje se chama MMA, nome pomposo, pra mostrar que tem regra. É esporte nobre. De inteligência, estratégia. Se o cara tomar um triângulo e não bater na lona, ou o juiz não ver, problema dele. Quebra o braço, e daí? Se outro for no bate-estaca e socar com o cara já desacordado, caído no chão, é o juiz que tem de decidir. Quem bate não pode travar. Pelo esporte. O juiz vacila e o desafiante morre, a culpa está com o juiz. Frouxo é quem para de bater. Não tem respeito pelo que faz. Trocação, estrangulamento, alavanca, chave... O meu mundo. A cara gorda do lutador tava amassada. Eu não perdoei, bati mais. O juiz foi quem interrompeu. Fiz minha parte. Por isso estou aqui contando esta história, cheio de dignidade. Sou campeão. É o esporte. Vale o leite das minhas crianças. Ninguém me deu comidinha na boca na infância... Juiz mole só passeia e deixa morrer. Fora da plataforma, sou como qualquer um. Fico na minha. E se você, que me lê, disser que MMA é violento, pode esperar. Tu tá errado. Te encho de porrada. Na boa. Tamo junto, sou da paz.

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