sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Nelson

Rever "Água Viva" é voltar no tempo. A abertura com a música 'Menino do Rio" diz muito sobre a cidade nos anos 80. Observamos as paisagens, os semblantes, os carros e sentimos o imediatismo, os sonhos de grandeza e a sensualidade provocante daquele tempo como algo ingênuo e doce. No fundo, os participantes e as cenas eram mais humanas, mais contínuas. Assistir hoje cada capítulo, na reprise da trama que o Canal Viva colocou no ar, é um exercício de paciência, se o compararmos ao frenesi dos folhetins atuais. Os diálogos e as lembranças são longas. A complexidade dos personagens é  maior, eles atuam em um ritmo mais cadenciado. Pegue-se o ex-playboy Nelson Fragonard. Como protagonista, viveu um processo de amadurecimento na história. Ele se mostra um homem em conflito, lutando contra o seu orgulho infantil que o impediu de ir mais além nas relações e em sua vida profissional. Bonita evolução, cheia de reflexão, situação similar às de outros personagens. Basta lembrar a relação problemática de Marcos com a mãe, tão esmiuçada e analisada. As novelas, depois, começaram a ganhar uma agressividade distorcida. Que chega a ferir de indignação por meio de seus vilões sanguinários, egoístas, materialistas, tão admirados por uma grande parcela da audiência. Novela, no fundo, é um retrato do momento da sociedade. As novelas, em parte, enlouqueceram. Isso mostra que a população também.

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