terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Banqueiro

Ele era banqueiro. Acompanhava suas finanças, na tela do computador, nos esticados números da conta. Escolhia operações com frieza matemática. E se projetava no engenheiro, no médico, no publicitário de sua turma no científico. Todos homens de sucesso, do concreto. Naqueles padrões, alguém que falasse de ética, da importância de ser honesto seria considerado louco. Um excluído, um perdedor. Na frieza de seus gestos, nos seus e-mails monossilábicos, pelas propostas que recebia e por causa das festas das quais participava, podia-se dizer que ele era um vencedor. Era assim que o viam. Mas, bem no fundo, não era assim que ele se sentia.

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