quinta-feira, 30 de junho de 2016

Mutantes Dois

Tudo muda nesta vida,
O botão que vira flor
O choro que cessa cansado
O desprezo que vira clamor
A noite polvilhada de estrelas
Que acorda com o sol na janela
A tentar com atraso entretê-las
A boneca que já não tem graça
O luto se tornando lembrança
Dizendo como o tempo passa
A barba da outrora criança
O fim de semana que chega
A bela morena que dança
O título um dia impossível
A amizade levada com o vento
O homem frio e insensível
O brega antes de ser novidade
A espera que nunca termina
A ânsia da mocidade
A dor do fim de um romance
O sonho do sono no leito
Acenando com outra chance
O instante já sendo o futuro
Ajudando a curar a ferida
Do outro lado de um muro
O sibilar de uma chicotada
A fórmula do esquecimento
No longo trajeto na estrada
A palavra que é penetrante
Procurando no vago universo
O sorriso em um semblante
O silêncio de uma praça vazia
A insistência do milionário
Que nunca se satisfazia
Um arco-íris no horizonte
Unindo lados opostos
Fazendo do céu uma ponte
O rufar de um longínquo tambor
Na selva de pedra do mundo
Pedindo um pouco de amor
Tudo muda nesta vida
Uma multidão enfurecida
Máscaras que escondem rostos
O homem e sua medida
Tudo muda nesta vida
Somente uma coisa não
É o correr do tempo profundo
Soprando o carinho do mestre
Pelo menino a driblar o mundo
Nas mudanças da eternidade
Tudo que aconteceu, você verá
O que aconteceu, aconteceu
E para sempre acontecerá

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