terça-feira, 11 de outubro de 2011

Relatividade

Um físico vê um raio de sol como a emanação de uma onda. Na visão de um romântico, esta onda é poética, explode em sete cores e remete ao arco-íris. A penetração dela em uma cachoeira, então, é de uma beleza estonteante. O romântico, inclusive, pode ser o físico. Tudo se entrelaça nas combinações do universo. Os fenômenos da física desembocam em poemas, que discorrem sobre a magnitude de uma paisagem e sobre a doçura dos sonhos, independentemente das explicações psiquiátricas para estes impulsos freudianos. Os elementos da ciência são astros no universo da poesia e do romance: o sol, a lua, as estrelas, o mar, o cosmos, o infinito. O racional e o subjetivo caminham juntos. O amor não passa de reações químicas de um organismo em turbilhão, na linguagem da química e da fisiologia. Mas um químico apaixonado conhecerá bem a outra visão. Entenderá como mágica a palpitação no encontro com a pessoa amada. Como milagre a chegada de um filho. E suspirará enternecido ao testemunhar o pôr-do-sol no topo de uma montanha. As fórmulas são também versos sobre a poesia da vida, variam de acordo com a atmosfera, a pressão e a velocidade, sempre em busca da solução de mistérios. Imaginação, sentimento e conhecimento se entrelaçam como cadeias de DNA e extraem de qualquer teoria a sua própria relatividade. Portanto, respiro fundo, sinto o ar entrar refrescante em meus pulmões, enquanto meus olhos estão lacrimejantes de emoção quando recito, do fundo do meu coração: ê é igual a emecê ao quadrado.

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