quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Carona

Telefonei para um amigo à tarde. A ligação estava tão clara a ponto de eu pensar que ele falava de sua mesa de trabalho. Mas ele dirigia na estrada, um carro que ia de Porto Alegre a Gramado. Não ouvi o barulho da brisa perfumada que devia estar entrando pela fresta da janela. Mas, de pronto, me transportei para lá. Vi-me no banco de carona, apreciando a paisagem bucólica da região, a chamada Rota romântica, cercada por vilarejos, vaquinhas pastando, carros de bois e flores. Senti-me na Europa ao me deparar, em suaves curvas, com árvores de plátano, vindas da Alemanha pelas mãos dos imigrantes, exibindo tons amarelos e laranja que colorem o cenário. Respirei a atmosfera de paz, ornada pela simplicidade dos trabalhadores rurais, andando na beira de estrada com pás, foices e um olhar profundo. Desemboquei em uma verdadeira caverna de árvores, até penetrar em uma alameda de hortênsias, já em Gramado. E então, do outro lado da linha, encerrei a ligação e o devaneio. “Boa viagem de volta”, desejei para nós.

Nenhum comentário:

Postar um comentário