sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Desconhecido

Olhei o homem de bigode branco e cabelos volumosos no balcão da lanchonete e vi meu pai. Também vestia camisas sociais e calças antigas, que realçavam sua simplicidade. Suas pupilas em alerta reinavam nos olhos esverdeados como a luz no mar. Prestavam atenção ao doce que comia com satisfação. Após uma mastigada e outra, pensamento imerso no infinito, terminou. Amassou e jogou o guardanapo no lixo. Ao se virar, olhou para mim, mas não fez aquele aceno à distância, com as mãos espalmadas, que ele fazia sempre, entusiasmado por me encontrar de repente. Saiu como um estranho. Então eu percebi que ele não se parecia em nada com o meu pai.

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