quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Combinações

Deitei na grama do parque, me espalhei no tapete verde-musgo. Mistura de verde e marrom. Ao contemplar as alturas, vi o entardecer mesclar o vermelho do sol, o azul celeste e o branco das nuvens. Surgiu daí um lilás que desmaiava com o vento. Um menino no skate vai pular sobre uma barra de ferro. No momento do salto, desiste. Vi em seu olhar a sanidade, mistura de coragem e medo. Assim como a paixão que se mistura com o tempo vai se transformando em carinho. E a crítica, sem amor, vira crueldade. A ponto de urrar de raiva e estragar tudo, podemos utilizar uma pitada de vergonha para transformar a fúria em prudência. Esta fórmula, vista de outra maneira, pode ainda significar submissão. A tempestade desaba acinzentada. Para que a primavera seja rosada. O rubro estampa um rosto tímido. E a brancura revela quem se assustou. A essência humana vem da terra ocre. Emana do firmamento gris. Emerge do sêmen cor de areia. Liberdade que vive aprisionada pela mistura das cores e das emoções. Pelas tonalidades de cada instante. A regulagem de um sentimento gera outro sentimento. Não há vida sem a beleza e a tortura da combinação. Nada temos a oferecer além da química dos afetos e a matemática dos sentimentos. Na ausência de cor reina o luto.

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