quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Ondas

Eles enfrentavam as ondas como se fossem jogadores. Logo que elas estouravam na praia, levantavam a bola que boiava oscilante. Davam com o dedinho por debaixo dela e chapelavam a maré. O desafio era pesado, porque logo outra onda vinha e carregava de novo a bola para a praia. Mas eles resistiam, brincando, quase dançando sob o pôr do sol nas montanhas de Floripa. "Dei um chapéu mas a onda tirou de chaleira", gritou um, para em seguida comemorar um olé bem executado. O menor chegou a comentar que eles estavam ganhando das ondas, que eram melhores do que o Pelé. "Foi difícil, driblei o Neymar, o Pelé e todos os jogadores bons, os reis", comemorou. Era verdade. Tratava-se de uma luta saudável contra a força da natureza, representada naquela imensidão das águas. Uma luta desigual, porque os dois eram derrubados e não havia cartão vermelho nem falta. Mas o brilho no olhar daqueles meninos era maior do que tudo. Mais radiante do que a luz do sol. A força de seus sonhos podia fazer a bola pousar lá no horizonte. Eles eram tão craques que conseguiam até driblar o mar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário