Para ele, escrever se tornou algo como prender a respiração
e esperar pela inspiração. Mas como o pulmão se incomoda com a falta
de fôlego, ele se sente angustiado cada vez que expressa sua desesperança, seu
desemprego, seus dissabores em forma de palavras não escritas. Sempre viu o ato
de criar como ameaçador, como se o movimento de vida despertasse fantasmas. Aplicou então um corretivo líquido em todas as frases que deixou de
escrever, afogando seu bloqueio e sua descrença no liquid paper de sua alma. Experimentou o silêncio plácido do não saber, contra a cobrança interna por
tudo saber. E esperou pela inspiração perdida sem, no entanto, conseguir
respirar aliviado. Seu último recurso foi se transferir, junto com o computador, para uma sauna. Sempre soube, afinal, que, escrever é acima de tudo transpiração.
sábado, 5 de outubro de 2013
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