domingo, 8 de maio de 2016

Caminhos

Tudo começou em um momento de lirismo
Repentinamente se viu diante de seu humanismo 
Despertou em susto, como no sonambulismo
Saiu na rua e viu nos rostos o reducionismo 
De olhos fatigados de tanto egoísmo
Da vida ensimesmada, no ritmo do urbanismo
Do ser que é mesmo um nada no existencialismo
Das palavras nas entrelinhas do estruturalismo
E a moça de batom só pensa no feminismo
O jovem ambicioso é puro pragmatismo
Com i-pod na mão, tecla o cabotinismo
Desprezando o pedinte, joia do marxismo
Então pensou no pai, na luta, no idealismo
Dissolvido pelo mundo, cheio de realismo
Seu irmão se isolou levando o pessimismo
A discordar da mãe, apegada ao otimismo
A lembrança do diretor, remetia a um hino ao fascismo
Que ofendia seu avô, refugiado do nazismo
Ah, o amor o iludiu, em puro romantismo
O homem não era o centro como no Iluminismo
Era apenas o velho no bar, afogado no alcoolismo
Um grito assustado de Munch, em seu expressionismo
Regado a bebida pelo dono, cheio de cinismo
Típico de madame alienada, apoiada no consumismo
A ofender o religioso, com todo o materialismo
O mesmo do bon vivant, acrescido de epicurismo
Na engrenagem social, repleta de fanatismo
Rótulos se propagam, com muito dinamismo
O psiquiatra só quer saber do seu psiquismo
Sem perceber seu potencial de fazer malabarismo
Ou pelo menos deveria, para deixar o radicalismo
Sou isto ou aquilo, socialismo ou capitalismo
Sem completar um ao outro, por falso moralismo
Como o pior ditador combate o ativismo
Sem pontes, nem horizontes, excesso de antagonismo
Aprofunda entre a gente, um imenso vazio, o abismo

Nenhum comentário:

Postar um comentário