sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Centenário

O futebol parece teimosamente viver de polêmicas. Mais uma surgiu no centenário corintiano. É a velha história do copo meio cheio e meio vazio, que pode servir como reafirmação pessimista ou esperança otimista. Os torcedores adversários disseram que o Corinthians só celebrou a data em um evento na rua, junto à população, porque não tem estádio. Como réplica, poderiam ouvir de um corintiano sociólogo que o sentimento de paixão corintiana extrapola os limites de um campo de futebol e os anéis de uma arena. Não consegue, como água a escorrer pelas fendas de uma montanha, ficar restrito a eles. Sua essência harmoniza o sentimento por um símbolo e a própria identidade de cada torcedor. É uma crença, massificada, mas que conta histórias individuais, se mistura à fé de cada um, única na luta de seu dia a dia para se curar da dor e para viver o amor. O palco maior do corintiano não é o estádio, onde seu canto uníssono reflete um cotidiano acumulado vindo lá de fora, dos escaninhos da cidade. Seu cenário é feito dos dramas e das vitórias fora das quatro linhas. O uniforme preto e branco e o emblema de um timão são apenas roupagens deste enredo. E tudo isso, nas semanas que antecedem os jogos, emana na rua, e é lá o melhor local para os festejos. As calçadas e as sarjetas são a verdadeira arquibancada do povo, como o carnaval é para o brasileiro. Ser corintiano é um sentimento mais carnavalesco do que futebolístico.

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