sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Senhoras

Dona Bilai e dona Tatiana eram senhoras idosas. Tinham ar maternal, maquiavam docemente o rosto envelhecido, transpareciam no brilho do olhar e nos trajes sóbrios a sabedoria tranquila que só a idade traz. Atuavam, sob o traje da intelectualidade, para apunhalar pelas costas.
Guardavam em seus porões o medo da proximidade da morte, o fel da inveja dos jovens, a ânsia de manterem a imagem de docilidade para atacar sorrateiramente aqueles que feriam sua vaidade. Para elas, a própria obra era o pedestal inalcançável. Um palco. E sorrateiramente fecharam as cortinas da própria mente e caminharam para um local ermo, silencioso, escondendo-se de si mesmas. Um túmulo.

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