sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Suicida

Por três vezes ela se jogou lá de cima de seu prédio. Do alto, uma mulher loira, cabelos longos e lisos, olhos arregalados e claros, avistava o entroncamento das ruas, onde à tarde o rush deixava o engarrafamento aumentar. Eu estava em uma roda de amigos. Da primeira vez, ela pulou e passou quase despercebida. Seu salto no ar teve movimentos acrobáticos, mas ao chegar ao chão sua pele emborrachada amorteceu a queda. Da segunda vez o impacto foi maior, mas insuficiente para atrapalhar o bate-papo em frente à Blockbuster. Na terceira, porém, seu olhar mórbido e insistente desviou a atenção do grupo na conversa. E a queda foi forte, ela se estatelou no chão ensangüentando o asfalto. No meio da poça vi seu rosto desfigurado, satisfeito por ter alcançado o objetivo. Finalmente a mulher suicida vencera a vida. Eu me assustei, rolando na cama, tentando vencer a noite.

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