terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Paternal

Voltaire, Voltaire, apagaram a luz. Seu rival Rousseau disse que a sociedade corrompeu a natureza humana essencialmente boa. E que, no estado natural, os filhos, crescidos e depois dos necessários cuidados na infância, saem para a floresta e nem reconhecem os pais. “Pela lei da natureza, o pai não é senhor do filho senão enquanto o seu auxílio é necessário; que, passando esse termo, tornam-se iguais, e, então, o filho, perfeitamente independente do pai, só lhe deve respeito e não obediência. Porque o reconhecimento é bem um dever que é preciso cumprir, mas não um direito que se possa exigir”, escreveu. Ele ainda ressaltou em vida que Locke estava errado em afirmar que o homem é mau por origem. Para Rousseau, Locke usava conceitos sociais para abordar um comportamento natural anterior à sociedade. Mas Rousseau abandonou seus cinco filhos em um orfanato! Pode ser que considerasse o local apropriado para suprir a necessidade das crianças, que naturalmente não reconheceriam mais seus pais. Pode ser que tentou deixá-los livres, para o próprio bem deles, na sua concepção. Mas tudo o que escreveu foi voltado a uma sociedade já formada, posterior ao estado natural do homem. Neste ponto ele não abriu mão de sua vaidade. Se fosse coerente, antes de abandonar seus filhos, que fosse ele morar na floresta. Voltaire, Voltaire, apagaram a luz.

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