terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Empolgação

Aeroporto de Bogotá. Olhei pelo vidro a periferia da cidade. Uma para os que estão em trânsito. Outra para os que estão no trânsito. Para mim, era sensual como o rebolado de Shakira. Tudo me fascinava. O carpete avermelhado. As poltronas da espera. As lojinhas dos corredores. CDs de Juanes, artesanatos, livros de Garcia Márquez. Exemplares de El Espectador. O iogurte da Alpina. A seiva do país no saguão, projetando a alma das ruas. Acorde de cúmbia que enchia minha mente. Shakira, você diz que a cintura não mente. Ela aponta o rosto da mãe África no coração da América. Mistura étnica e de cores que convidam antropólogos. Peles morenas. Cabelos negros. Sorrisos brancos. As luzes se acenderam com a noite. Admirei a estampa da Avianca em minha mala. Sentia  o país em minha bagagem. Ri. Um garoto com o cabelo do Valderrama corria entre as cadeiras. Meus problemas flutuavam distantes. O caos do Brasil estava bem pra lá do Equador.  Eu transcendia em outro país. Guardas com quepes e uniformes pretos circulavam naturalmente. Com eles, os cães cheirando sacolas, pacotes, pessoas. Bebi um café e...tudo mudou. Da água para o vinho. Caiu um pouco na minha roupa. O cão, então, latiu em minha direção. O guarda me levou para uma saleta. Despi-me, fui revistado. Abri a bagagem. Só queria uma coisa: falar em português. Mas me exaltava em portunhol. Precisava reencontrar minhas raízes. Até há pouco, pensava que elas estavam na Colômbia. Mas não existe jogador bom com cabelo de urso. Pura empolgação de viajante. Queria voltar logo para casa. Rever meu filhinho. Para quem, aliás, eu sempre disse que café é uma droga. Shakira...suas cinturas mentiram para mim.

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