quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Escuna

Uma mulher robusta e loira senta no banco da escuna e mira o horizonte, as ilhas, sem olhar para os outros passageiros. Anda de cabeça erguida. Finge não ceder aos balanços da onda, às ondulações da vida. Avista o horizonte como uma rainha pomposa, como se seu biquini não escondesse estrias interiores, mas prendesse um véu a se arrastar pela madeira gasta e molhada. Os outros tentam pegar nas nuvens seus pensamentos distantes. Não conseguindo, sentem-se miúdos em seus trajes quase desnudos. Não percebem que a mulher robusta quer que seja assim. A mulher robusta tenta esconder que é ela quem está se afogando.

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