quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
Autógrafo
Conversei com Ben
Abraham em seu escritório, com móveis antigos e quadros sobre o
judaísmo. Vi em seu olhar cintilante, e na maneira como recebeu meu
filho, a verdade da ressurreição. O brilho intenso, os gestos
cordiais, a fala curta e mansa me contaram muito sobre alguém que
emergiu das trevas, realçando ainda mais sua crença na humanidade.
Sinto que ele não acreditaria tanto na bondade se não tivesse
conhecido o lado mais brutal do homem. É preciso vivenciar para se
fortalecer e para não acreditar que o mal prevalece. Quem duvida do
Holocausto, no fundo, não aceita a sua derrota. “Como admitir que
morreram seis milhões de judeus e mesmo assim os judeus não
sucumbiram, permanecem vivos? Não, não foram seis milhões que
morreram, foram menos, porque senão vocês não existiriam mais. Não
posso admitir tamanha derrota”, dizem, nas entrelinhas. No fim, Ben
Abraham me autografou seu livro. A escrita era trêmula, mais uma vez
demonstrando superação neste simples ato. Não me surpreendi ao ler
o termo final, antes da assinatura de seu nome. "Com carinho".
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