sexta-feira, 3 de junho de 2011

Solidária

Na inveja, prevalece o desejo de sugar o que o outro tem. Na pena, o desejo predominante é o de preencher o que o outro não tem. Há pessoas, com certa arrogância, que se recusam a sentir e a ser fontes de pena, por darem a ela o disfarce de mesquinhez. Livram-se da responsabilidade de lidar com a pena, deles e alheia, criticando-a como uma espécie de alívio, confundindo-a com o sadismo. Acusam os que são tocados pela pena. Dizem que eles afirmam: "Pelo menos não é comigo". Mas a pena, ou melhor, compaixão, é a inveja ao contrário. Sem a pena, não existiria o amor ao próximo, nem Madre Teresa de Calcutá, nem os que lutaram pela justiça social no mundo. Sem a pena, Jesus não teria entrado para a história dos humildes. Tampouco José teria perdoado seus irmãos e ajudado a dar continuidade ao povo judeu. Ter pena do inimigo é um passo para o fim de um conflito. Sentir pena é olhar o outro com olhos compreensivos. É ser humilde com o humilde e se sentir humilde diante do próprio sofrer. É um aprendizado, não é a auto-flagelação. É apenas ter a nobreza de sentir o drama do que sofre. E permitir que os outros compartilhem a sua dor. A pena, portanto, não é atroz, ainda mais se for complementada com a atitude de ajuda. E, se não for, pelo menos é a solidariedade do sentimento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário