terça-feira, 29 de maio de 2012

Israelita

Não adianta colocar a desculpa no outro. Não adianta dizer que o povo judeu pode ser identificado acima de tudo pela tradição e cultura e não necessariamente pela religião. Acontece que a tradição e a cultura são frutos diretos da religião, chama essencial e razão de ser não só do judaísmo, mas do povo judeu. Até daqueles que o renegam. Ninguém é obrigado a seguir os preceitos da Torá, a entender o Talmud ou a estudar a Halachá, mas os preceitos são a raiz da identidade judaica, o que impediu o povo israelita de se diluir como os filisteus, os caldeus, os fenícios e tantos outros. As leis e a história religiosa são a essência, remotas para os que não percebem, de Israel, o alter ego do Estado Judeu. Um colono esquerdista do kibutz Hulda, disse a Amós Oz, enquanto partulhavam as cercanias à noite, que não poderia jamais sair de Israel. Sentia que não seria aceito em nenhum outro país. Ele era um laico, avesso às celebrações espirituais. De certa maneira, acolhia uma verdade. Mesmo que não se considerasse judeu, outros o considerariam. Melhor, então, é admitir a não aceitação de certos valores judaicos como opção pessoal. E não usar subterfúgios para esconder um eventual sentimento de culpa jogando-a na religião. E antes que me acusem, não sou religioso e nunca obedeci a um shabat. Talvez, infelizmente.

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