segunda-feira, 21 de junho de 2010

Selvas

Ele navegava em um barco turístico no coração da África. O entardecer se fechava lentamente pelas águas cintilantes do Zambezi. Revoadas de pássaros emergiam da vegetação abundante. Nas margens, hipopótamos preguiçosos mantinham apenas a cabeça de fora para respirar ou espiar. E no leito do rio, o sol lançava seus últimos raios.
Aquele momento tranquilo e selvagem foi uma referência para ele. Não tinha um supermercado para recorrer em caso de necessidade do mundo moderno, mas trazia uma mensagem.
Prometeu que quando estivesse em um engarrafamento na cidade grande iria se lembrar da beleza primitiva do mundo. Jurou não mais esbravejar sob o calor do carro, pensando ser aquele o único lugar da Terra, embebido de uma pressa venenosa. Além da rotina asfixiante havia uma África do outro lado do planeta. Com objetivos e busca de felicidade bem diferentes. Lá, a ânsia e a luta pela sobrevivência tinham outro ritmo, mais lento, natural. Adormeceu sob o luar imponente, ouvindo apenas o murmúrio da selva que se recolhia. Deixou-se levar pelo tempo até acordar com as buzinadas, em um cruzamento qualquer.

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