quarta-feira, 30 de junho de 2010

Céu

Se eu fosse o céu noturno, você seria um véu. Abraçaria minhas estrelas e tantas nuvens ao léu. Acenderia corpos celestes, espalhando luz fugaz. Preencheria buracos negros, estimulando órbitas de paz. E lampejos resistentes fluiriam da minha mente. Alimentaria minha força gravitacional, a barrar quedas livres, no meio do descampado, de alguém desamparado, neste mundo turbulento, maluco, confuso, sem olhos para o tempo, sem tempo para o vento, de disputas por assento, de pichados monumentos, da rejeição da história, da falta de memória, da vista cansada, do olhar aflito, do canto maldito, no espaço restrito, da ferradura que prende, dissimula, inflama a chama da dor, e me impede sem pena, de olhar pra mim mesmo, de vislumbrar o universo, de mergulhar no meu céu, do lado de lá, e te encontrar, Eloá, quando você não está.

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