segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Reconhecimento

Uma vez, o famoso Jô Soares disse que não se sente unanimidade porque, mesmo com o seu sucesso, alguém, em algum apartamento distante, deve estar dizendo: “Não gosto deste cara”. Um escritor pouco conhecido deve pensar da maneira oposta. Um único admirador já serve como um prenúncio de bons tempos, como um retrato de uma qualidade não percebida. Ao artista célebre cabe não se apegar à ilusão de onipotência. Já o despercebido não pode se envolver em um mundo de trevas e de rancor. Na verdade, ambos são solitários. Apenas vivem diferentes tipos de solidão. Para a celebridade, a multidão simboliza uma pessoa. E para o que está à margem, uma pessoa é como uma multidão. Mas a essência humana prevalece nas duas. No futuro, a multidão pode minguar e se transformar em uma pessoa. E uma pessoa pode se multiplicar e se transformar em uma multidão. No tal apartamento distante, a luz que emana da janela serve como um alerta para o famoso. Esta luz é a mesma que ilumina timidamente um túnel escuro. Perdido, o autor quase esquecido a vê lá no final. Para ele, entretanto, seus raios são como sinal de esperança. Provam, enfim, que a luz existe.

Um comentário:

  1. É isso mesmo!!! Vc tem um modo interessante de escrever, e sabe, pode ser impressão minha, mas parece que teu texto flui com grande facilidade, que vc não precisa escrever, deletar, escrever , deletar e simplesmente vai teclando e materializando os pensamentos.É isso! Nilú

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