sábado, 13 de agosto de 2011

Cinema

Não sei conviver com o mau-humor. Estou para ver alguém que saiba. Mas eu sei menos do que os outros. Nesse caso, o velho conselho de que devemos sair de nós mesmos e nos vermos em um palco, para abstrair as situações, é pura retórica. Ninguém gosta de ser criticado porque filosofa sobre a vida. Ninguém gosta de ser interpelado quando ensina algo a uma criança. E ouvir cobranças em demasia? Não vai ao banco pagar conta, trabalha menos do que eu, não sabe se vestir direito...Já seria ruim ouvir isso se fosse verdade. Mas são falácias. A cada acusação, uma distorção autoprojetada. E a cada resposta, ainda que dura, uma acusação. Abstrair tudo isso e se colocar em uma comédia romântica não é a saída. Está mais para drama de Pier Paolo Pasolini, na desconstrução de famílias, do que para enredo adocicado em que Sandra Bullock briga feio com o namorado, faz birrinha de menina, para divertimento do público, e depois tudo termina bem. Não, não sei conviver com o mau-humor. E se algum diretor atrapalhado for fazer disso um romance ideal, daqueles em que os opostos se atraem, estará cometendo um pecado cinematográfico. Sob pena de, a cada sessão do filme, ver a plateia sair no meio, revoltada, e ir direto para a bilheteria pedir o dinheiro de volta.







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