sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Medieval

Serei aqui advogado do diabo, só para utilizar um termo bem medieval. Unir o racionalismo científico à fé não é fácil. Requer uma abertura de espírito, para os espiritualistas, e de mente, para os racionalistas, que por si só já é um avanço para a humanidade. É uma forma de conciliar lados opostos. Lembrei-me do embate visceral do medievalista Léo Nafta com o progressista Ludovico Settembrini em A Montanha Mágica. Nafta, em sua violência verborrágica, não soube expressar de forma clara o lado iluminado da Idade Média. Apenas tripudiou o lado iluminista de Settembrini, até a sua própria autodestruição. Nafta suicidou-se no duelo final. Não quer dizer que ele estivesse totalmente errado. É comum nos tempos atuais se jogar o bebê junto com a água, como se diz o jargão popular. Por isso a Idade Média é tratada apenas como Idade das Trevas. Justo o período em que surgiu a escolástica para unir a ciência à religião. Representada por Santo Agostinho, no início, e São Tomás de Aquino, no fim, só por isso esta era já pode ser considerada iluminada. Depois vieram o antropocentrismo, o Renascimento e o Modernismo com suas cores frenéticas e certa arrogância questionadora. Que pregava uma ruptura de dogmas, mas negava a tentativa semelhante que a própria escolástica buscou realizar. Criou assim seus próprios dogmas, com ares de novidade. Esses modernos são muito presunçosos mesmo...Mas, calma, não vou me suicidar. Prefiro tentar a conciliação, da minha fé com a minha razão.

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