terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Despedida

Um homem se despediu do ano correndo no parque sozinho, naquele dia nublado. O céu cinzento afugentou o público e deixou o local livre para ele. Deu prazerosas voltas no pequeno reduto verde, feito de trilhas pavimentadas, gramados e árvores baixas. A música, em uma retrospectiva da rádio, serviu para que relembrasse os dias vividos neste período, muitos deles neste lugar. Ouviu Adele e se lembrou dos momentos em que correu na mesma trilha, atribulado pela pressa de ir ao trabalho. Depois escutou canções de Beyonce, Bruno Mars, Lady Gaga, que tão bem retrataram o ano que se encerrava. Percorreu novamente os meses, os dias e as horas no ritmo de suas passadas. O ar leve estimulava. Ele se sentia parte da natureza. O parque e a amplidão do céu sussurravam frases, sopradas pela brisa suave, para sua reflexão. Em conversas consigo mesmo, ressoava um diálogo com o futuro, com o passado, com o universo que o cercava. Ele sempre foi assim nestes momentos de transição, em que a despedida de tempos antigos é um convite para novas descobertas. Desde criança. A paixão por esporte e música se mantinha. Assim como a habilidade de utilizar cada passo de sua corrida para pensar e superar fronteiras na passagem de seus anos. E se alguém de fora visse esta cena, poderia muito bem cantarolar para si. “Eu vi um menino correndo, eu vi o tempo...”

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