quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Embarque

Da sala de embarque do aeroporto, ele pode ver, pelo vidro, o emaranhado de prédios na sua cidade. Ele parecia estar de fora daquela correria do dia-a-dia. Sentia-se alheio aos movimentos urbanos, como se o aeroporto fosse um muro transparente de isolamento e contemplação. Avistou algo especial nesta cordilheira de concreto, iluminada pelo sol quente da manhã. Era a antena triangular, de um edifício vizinho ao do seu analista. Podia, agora, vê-la de outro ângulo, bem diferente do qual estava acostumado quando a via da garagem externa. A antena serviu como uma referência. Da cidade e de seus vários enfoques. Percebeu a análise como uma travessia feita de viagens interiores. Independentemente de onde estamos. Vivemos em uma sucessão de aeroportos imaginários. Em cada um, uma nova paisagem, um novo detalhe a serem observados por nós através do vidro de uma sala de embarque. Sempre de passagem na mão. E rumo a um destino incerto.

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