terça-feira, 3 de julho de 2012

Abraço

Na frente da casinha no kibutz, duas senhoras se reencontraram. Eram irmãs que não se viam havia 48 anos. Separaram-se por causa da guerra e agora dividiam um longo abraço, por entre trilhas ajardinadas, como se tentassem vencer quatro décadas em alguns minutos. Uma veio para o Brasil, se casou, teve filhos e netos. Outra foi morar em Israel, onde também fez família. A distância não apagou a memória, tampouco o afeto. Apenas internalizou uma moça na outra, até se tornarem idosas. Depois daquele encontro, vieram outros esporádicos naquela viagem. Encerrada a visita, porém, nunca mais se viram, obedecendo uma ordem natural da rotina humana. O que nos une não são apenas os sentidos concretos da visão, audição e tato. A irmã mais velha morreu três anos depois, aliviada. Sabia que aquele abraço duraria muito além de 48 anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário