terça-feira, 10 de julho de 2012

Óptica

A postulação do filósofo Espinosa sobre os afetos da alegria e da tristeza tem relação com conceitos religiosos. Ele só não reconhece D’us como um ser superior com vontade própria, o que foi considerado uma heresia. Para Espinosa, D’us, natureza e realidade são sinônimos. O judaísmo, no entanto, coloca a alegria como uma das qualidades mais importantes do homem. Para acreditar em D’us, e justamente por isso, o indivíduo precisa estar besimcha (em alegria). No século XVI, Espinosa foi excomungado como judeu e passou a consertar lentes para se manter. Sua tese de que a alegria é fonte de estímulo primordial, porém, mostrou que o judaísmo ainda permaneceu nele. Como as lentes que consertava, ele e o judaísmo eram refratários, translúcidos e opacos um com o outro. Mas mantiveram um mesmo foco. O raio de luz que deles emanava convergia para a necessidade de o homem viver com o coração aberto e um sorriso no rosto. Não importa se essa crença fosse filosófica ou religiosa.

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