quinta-feira, 27 de maio de 2010

África

A humanidade surgiu na África. Lá despontaram várias espécies de hominídeos. O continente ainda abriga uma fauna repleta de leões, elefantes, rinocerontes, gorilas, antílopes, leopardos a interagirem por savanas, montanhas e planaltos.
Os negros de lá, escravizados, foram levados pelo mundo, espalhando sua cultura em cada respingo de sangue e lágrima. Do ventre desta dor surgiram o samba, a rumba, o candomblé em vários países. Enquanto isso, aquela imensidão ia empobrecendo graças à exploração predadora de europeus.
Entre eles os ingleses, os mesmos que trouxeram o futebol para o Brasil. Mas foi só a partir dos anos 30 que este esporte virou paixão no país. O negro passou a atuar nas equipes, nos tempos de profissionalismo, e isso foi decisivo.
De um lado os povos negros eram espoliados na África, de outro ajudavam com a magia de sua ginga a divulgar um esporte inglês que fez do Brasil seu maior campeão. A vida é mesmo uma irônica sequência de acontecimentos que um dia se encontram.
Como agora, quando essa loucura estará reunida na Copa do Mundo. Melhor lugar não há, a África e sua selva carregam o mesmo lado primitivo do homem projetado no futebol. O ódio e a ganância do dia-a-dia se misturam à intuição animal, capacidade permanente de se renovar com a criatividade enquanto a bola rola. A bola rola com o mundo, gira resvalando no remorso e na beleza do drible que desenha nas faces um sorriso de esperança. Assim cada grito de gol se confundirá com rugidos, grasnados, pios a ecoarem por vasto território, dentro e fora de nós.

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