sexta-feira, 14 de maio de 2010

Impotência

Richard Nixon foi uma amostra do ser humano nos ditos tempos modernos. Inseguro desde a infância, tentou superar fragilidades angariando o poder, manipulando, trabalhando sua imagem.
Seu aspecto de homem comum, pouco cativante em sua estatura mediana e semblante sério, o conduziu a grandes realizações pessoais. Tornou-se, com um discurso conservador, presidente da maior potência do mundo.
Mas isso não serviu para o seu bem-estar. Não conseguia suportar frustrações, queria agradar a todos. Implorava, em passeios a pé por Washington, para os jovens entenderem o porquê de não abandonar o governo do Vietnã do Sul e insistir em uma paz com honra. Mal compreendido, era visto como patético.
Buscava a todo instante mover moinhos de vento para preencher imensas crateras interiores. Paranóico, exigia de seus assessores monitoração permanente da mídia. Ligava para Kissinger em plena madrugada perguntando se tinha feito um bom discurso.
Fez a aproximação com a China e com a União Soviética para se mostrar um estadista. Queria sim o bem dos Estados Unidos, atento como poucos à realidade mundial. Mas acima de tudo queria encontrar uma nova mãe, uma nova infância, talvez materializada no conceito de História. Por isso ansiava entrar para a História, alçar seu nome à nuvem da eternidade, na ilusão da onipotência dos fracos.
O primeiro-ministro inglês, Benjamin Disraeli, dizia no século XIX. "Um grande líder conhece a si mesmo e o seu tempo". Nixon conhecia muito bem o seu tempo. E, como a maioria de nós, sabia muito sobre si mesmo. Era isso que o desesperava.

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