quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Busca

Escrevi na busca do Google o nome de um conhecido que já morreu. Não era celebridade. Por isso seu nome não apareceu. Vi sim o nome de seus filhos e parentes. Abateu-me um sentimento vil. Buscar no Google alguém que não mais está entre nós. Foi como se eu estivesse profanando um túmulo. Percebi o quão mesquinha foi minha tentativa e como a nossa curiosidade, alimentada pelas polêmicas da imprensa, às vezes é insana. Como nos preocupamos em preencher nosso mundinho com informações inúteis. O homem que procurei foi alguém que viveu bem. Desfrutou de uma vida mundana e exalava um ar blasé daqueles que querem o melhor. Mas ele já se foi e isso lhe dá uma dimensão cósmica. Sua existência já transpassou a nossa internet, o nosso Google, as nossas aspirações provincianas. Percebi-o em outra dimensão, distante 18 anos desta esfera material. Vi sua passagem com admiração e afeto. Senti que sua vida foi importante por me deixar vê-lo desta maneira após sua morte, compreender que seu esforço em busca da felicidade não foi em vão. Hoje ele descansa. Descansa de nossa mediocridade. Dá um sorriso paciente quando observa nossa pressa infantil. Coloca a mão em nossa consciência quando teclamos bobagens. No momento em que a tela ficou em branco, ao tentar novamente encontrá-lo, desisti de minha procura macabra. Desliguei o computador, no entanto, ciente de que havia recebido todas as informações de que precisava.

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