quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Dimensões

A terceira dimensão chegou de forma definitiva ao cinema. Imagens inebriantes surgem na tela quando mais de um foco de luz se dissipa para convergir em uma única imagem em nossas retinas cobertas por uma lente especial. O espectador sente-se participando das cenas, impele-se a se colocar no lugar dos personagens. O maniqueísmo da visão em duas dimensões fica enfraquecido. O espectro do universo se amplia em forma de paisagens, cenas simultâneas, movimentos. Dá para se perceber os pássaros revoluteando em sincronia, no fundo de um campo em que os protagonistas interagem.
Pode-se dizer, sem generalizar, que escritores vêem em três dimensões e jornalistas, em duas. O outro lado, tão propagado em redações, pode no fundo ter vários outros lados incógnitos. É insuficiente, e cômodo, se ater a ele, geralmente uma resposta padronizada a um ataque. O futuro promete novos horizontes a desafiarem cada vez mais a capacidade humana de absorção do universo, com a possibilidade de nossos olhares captarem uma gama maior de pontos de vista. A tecnologia 4D surge com volúpia para incluir o tempo às três dimensões. É possível que venham no rastro a 5D, a 6D, até um dia enxergarmos o que hoje nos é invisível. Novas percepções revolucionariam a civilização, em uma situação similar ao momento em que a escuridão conheceu a luz, os mares, os céus, a vida animal, a modernidade, as novas tecnologias. Um ciclo pode estar se encerrando para o início de vários outros. Até chegarmos a algo como a sétima dimensão, a 7D. Sete dias, o intervalo que durou a criação do mundo. Número sete, letra D, de dias. De Deus.

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