quinta-feira, 1 de março de 2012

Serra

Subiu em uma elevação no mato para avistar as montanhas. Um ar úmido e perfumado de folhagem o inebriou. Seu rosto na fotografia estava tão radiante que era como se colhesse para si os raios de ouro do sol da tarde. Estava impregnado de leveza, flutuando não em seu corpo, mas na imensidão dos dorsos esverdeados das montanhas, verdadeiros paredões intercalados que emergiam ao fundo. Lá vivia a gente humilde de Paranapiacaba, os meninos e meninas que por lá ficaram e ficariam por dias e dias, observando a movimentação do dia até a noite estender suas cortinas escuras e estreladas. Até a escuridão e o silêncio se misturarem à névoa. Estavam quase isolados em seus sonhos, nestas paragens de céu gigantesco e casinhas antigas construídas em ladeiras de areia e pedra. Das montanhas, porém, também podiam avistar um futuro promissor. Uma das meninas parecia se misturar por inteiro àquele cenário rústico. Seus olhos volumosos e escuros, próximos um do outro, refletiam as cascatas escaldantes e a vegetação prenhe que borbulhava daquela terra. Menina que carregava a Vila em seu sorriso, tão límpido como a água que jorrava do ventre daquela serra.

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