segunda-feira, 5 de abril de 2010

Estrelas

Meu menino quer abraçar as estrelas. No meu colo na noite de verão ele olha para cima com um ar de surpresa, buscando entender cada ponto luminoso que explode um pingo de luz prateada. Pode ficar horas, mãozinhas erguidas para o alto, observando o céu e seus movimentos silenciosos. Em pé, o seguro com firmeza. Quero deixá-lo à vontade para que espalhe seus sonhos, suas indagações pelo espaço infinito, neste seu primeiro ano de vida. Até que ele conheça a realidade dos homens, as dificuldades de nosso mundo, gosto de vê-lo procurar respostas cheio de curiosidade, desenvolver sua esperança, alimentar sua pureza. Ele balbucia, dá gritinhos, solta sílabas em frases ainda indecifráveis, que eu chamaria de cósmicas.Faço até meus braços se cansarem. Até que a carga de sonhos para mim, que também já olhou inebriado para o céu, fique pesada. Disfarço então, tentando deixá-lo com a impressão de que nada disso está acontecendo. De que ele nunca irá se cansar. Assim espero. E antes de entrar em casa, sorrio satisfeito com o que consegui. Deixamos o quintal, entro pela porta e lhe dou um abraço, querendo eu abraçar as estrelas bem lá no fundo de seus olhinhos brilhantes.

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